Pesquisa busca aprimorar a precisão de cirurgias oftalmológicas com lasers ultra rápido
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Nos últimos anos, os lasers têm se tornado ferramentas essenciais na oftalmologia, sendo empregados em diversas cirurgias, especialmente na correção da visão. Técnicas a laser para tratar doenças e corrigir problemas oculares, como a miopia e o astigmatismo, têm evoluído rapidamente, permitindo intervenções cada vez mais precisas e menos invasivas. Diversas pesquisas no desenvolvimento de tecnologia óptica para saúde nasceram no CEPOF – Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), coordenado pelo Prof.Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, e hoje estão presentes em laboratórios oftalmológicos no país.
A cirurgia refrativa é um dos principais campos onde o laser é amplamente utilizado. Entre os procedimentos mais conhecidos está o LASIK, uma técnica em que o laser remodela a córnea para corrigir a visão. Os sistemas laser usados atualmente geralmente operam com pulsos de alta energia e taxas de repetição mais baixas. Essa configuração, apesar de eficaz, pode ter algumas limitações, como a precisão dos cortes e o custo elevado dos equipamentos. Neste contexto, a pesquisa está se concentrando em desenvolver novos tipos de laser para superar essas barreiras, buscando uma combinação entre precisão e acessibilidade.
O Laboratório de Inovações Optrônicas para Oftalmologia e Agricultura (LIO2A), coordenado pelo Prof. Dr. Jarbas Caiado de Castro Neto, é inclusive interessado em aprimorar essa tecnologia, e desenvolveu uma prova de conceito para um sistema de laser compacto que utiliza pulsos ultra rápidos de baixa energia em uma alta taxa de repetição. O foco deste trabalho é desenvolver um laser capaz de realizar ablações precisas na córnea , removendo minúsculas camadas de tecido ocular, com um controle minucioso que permite remodelar a córnea com menos impacto nos tecidos adjacentes.
Essa nova abordagem visa não só um sistema mais preciso, mas também mais seguro para os pacientes e menos suscetível a erros que possam comprometer o resultado visual. Segundo o pesquisador, o uso de pulsos de baixa energia permite um controle melhor sobre a profundidade e a área de corte, enquanto uma alta taxa de repetição oferece rapidez e continuidade ao processo. Ou seja, são pequenos pulsos, em grande quantidade e em alta velocidade, que resultam em um corte homogêneo e preciso, minimizando o risco de danos colaterais.
Outro ponto importante é que, ao reduzir a energia de cada pulso, torna-se possível diminuir o tamanho dos componentes do laser, o que facilita a criação de um sistema compacto. Isso pode ser especialmente vantajoso em clínicas oftalmológicas menores e em locais onde o custo de um equipamento convencional seja proibitivo. Além disso, a maior simplicidade de construção e operação desse tipo de sistema pode reduzir significativamente os custos, tanto para os centros de saúde quanto para os pacientes, tornando a cirurgia refrativa uma opção acessível a um público mais amplo.
Este estudo ainda está em fase de desenvolvimento, mas os resultados preliminares são promissores. Em colaboração com o Grupo de Fotônica e com o Hospital Oftalmológico de Araraquara, o pesquisador realizou testes de interação do laser com tecidos oculares sintéticos (PMMA), cujos resultados foram os que deram a prova de conceito desta abordagem, que foi premiada no congresso da Sociedade Brasileira de Materiais que aconteceu este ano.
A equipe planeja desenvolver um novo sistema laser, só que desta vez com uma tecnologia mais avançada e com as adaptações de acordo com os resultados já obtidos. E com o sistema construído, os próximos passos seriam conduzir novos testes para aprimorar o controle da interação do laser com tecidos oculares naturais, e assim garantir que o sistema mantenha a precisão e segurança desejadas para o uso clínico e a criação de um protótipo que possa ser testado em contextos clínicos.
Se essa tecnologia alcançar o mercado, o impacto pode ser significativo. Com a possibilidade de um sistema a laser portátil e eficiente, onde mais hospitais e clínicas poderão oferecer cirurgias de correção visual com qualidade e custo acessível. Para os pacientes, isso representa um avanço na acessibilidade à correção visual com métodos modernos e minimamente invasivos, priorizando sempre o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes.
Dados pessoais que podem ser úteis:
Vinícius Pereira Pinto – Aluno de Mestrado
Orientador: Prof Dr Jarbas Caiado de Castro Neto
Co-orientadora: Dra Fátima Maria Mitsue Yasuoka
Informações adicionais: http://lattes.cnpq.br/3164547001554128
Referência bibliográfica do trabalho:
PINTO, V. P.; CUNHA, R. S. ; YASUOKA, F. M. M. ; MENDONCA, C. R. ; CASTRO NETO, J. C. . Study of Laser-Induced Ablation of Polymethyl methacrylate (PMMA) for Ophthalmic Applications. In: XXII B-MRS Meeting, 2024, Santos. Proceedings of the XXII B-MRS Meeting, 2024. p. 539.
Reconhecimentos do trabalho:
“Bernhard Gross Award” for the best poster presentation in the session “Advanced Materials and Surface Treatments for Biological, Dental, and Medical Applications”, Brazilian Materials Research Society (B-MRS).
“RSC Best Poster Prize” for the three best posters of the XXII B-MRS Meeting, Royal Society of Chemistry (RSC).
Fontes: Vinicius Pereira Pinto – Pesquisador no Laboratório de Inovações Optrônicas para Oftalmologia e Agricultura (LIO2A) – CEPOF – INCT – IFSC – Grupo de Óptica – USP; Prof. Dr. Jarbas Caiado de Castro Neto – Coordenador do Laboratório de Inovações Optrônicas para Oftalmologia e Agricultura (LIO2A) – CEPOF – INCT – IFSC -USP e Membro do Grupo de Óptica – IFSC – USP; Dra Fátima Maria Mitsue Yasuoka – Laboratório de Inovações Optrônicas para Oftalmologia e Agricultura (LIO2A) – CEPOF – INCT – IFSC -USP e Membro do Grupo de Óptica – IFSC – USP ; Prof.Dr. Vanderlei Salvador Bagnato – Coordenador do CEPOF – INCT – IFSC -USP e Membro do Grupo de Óptica – IFSC – USP; Me Kleber Jorge Savio Chicrala – Jornalismo Científico e Difusão Científica – CEPOF – INCT – Grupo de Óptica – IFSC – USP