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A luta antimanicomial: hoje em dia há mais “loucos”?

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19/05/2024 05h54 - Atualizado há 6 meses Publicado por: Redação
A luta antimanicomial: hoje em dia há mais “loucos”?

O dia 18 de maio é marcado como o “Dia da luta antimanicomial”. Isso porque remete ao 2º Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), que leva a criação da “Carta de Bauru”, em maio de 1987, em Bauru-SP.

A carta denuncia e critica o modelo de cuidado psiquiátrico estabelecido até então, que era o centrado em manicômios. Essas eram instituições privadas nas quais as pessoas em sofrimento psíquico eram internadas de forma quase sempre sem seu consentimento, e ali eram obrigadas a passar o resto de suas vidas. E nesses, os tratamentos eram brutais, desumanos e não científicos (sem comprovação de que funcionavam).

Mas quem eram os banidos aos manicômios?

Uma análise do livro “O Holocausto Brasileiro”, que conta a história do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena-MG (também conhecido como “Colônia”) e conta com relatos de sobreviventes, por exemplo, dá a resposta. Ali, mais de 60 mil pacientes foram torturados e eliminados de forma sistemática.

O hospital abrigava: pacientes em sofrimento psíquico (pessoas com depressão e ansiedade), homossexuais, mulheres que perdiam a virgindade antes do casamento, ou eram engravidadas por patrões, pessoas em situação de rua, alcoolistas, dentre outros. Ou seja, o critério para internação não era baseado em um transtorno ou doença, mas sim no fato de que aqueles que ali estavam “não se enquadravam aos padrões sociais”.

A luta antimanicomial, então, leva a mudança desse modelo centrado em manicômios, a chamada Reforma Psiquiátrica. Assim, há em 2001, a criação da lei nº10216 – Lei Paulo Delgado (PT/MG), que regulamenta os direitos das pessoas com transtornos mentais e estabelece o fim dos manicômios.

É com esta mudança que o cuidado em saúde mental no Brasil passa a ser realizado em uma lógica humanizada de tratamento. Desse modo, a pessoa é encorajada a retomar sua cidadania e também a buscar apoio terapêutico. Passa a entender que o transtorno não define o indivíduo de forma negativa, sendo uma característica possível de se conviver e que pode ser tratada.

Em resumo, pode-se dizer que há novas patologias surgindo e se tornando mais famosas, como um vício em telas, por exemplo. Mas, hoje, se entra mais em contato com pessoas em sofrimento psíquico porque há algumas décadas essas pessoas eram presas e mortas longe dos olhos da sociedade.

Nesse contexto, cabe ao profissional da saúde mental, como um psicólogo, ajudar na compreensão dos transtornos mentais e a tirar o estigma manicomial do imaginário da população. Ademais, é através da terapia que a pessoa em sofrimento é capaz de reestabelecer vínculos sociais, buscar apoio familiar e de redes de apoio, ampliar e melhor entender seu conceito de saúde e buscar um melhor bem estar.

 

Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)

Redes: @psi_matheuswada

Telefone: (16)99629-6663

Email: [email protected]

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