No dia 06/08/2025 o influenciador Felipe Bressanim, conhecido nas redes como “Felca”, publicou o vídeo intitulado “Adultização”. No qual denuncia a forma como crianças e adolescentes estão sendo expostos nas redes e tendo seus conteúdos vendidos por seus responsáveis. Abordam-se questões como: adultização, superexposição de jovens às redes sem supervisão e saúde mental.
A adultização é o introduzir das crianças e adolescentes a comportamentos e expectativas do mundo adulto e cobrar que eles ajam dessa forma. Tanto no mundo real quanto no digital. Os inserindo num contexto sem limites definidos do que é esperado deles e do que deve ser feito em relação a isso.
Este fenômeno está ligado à pressão social para “crescer logo”, à exposição desproporcional às redes e à influência direta dos familiares e responsáveis. É ilustrado por comportamentos inadequados à faixa etária.
Na prática, a adultização é personificada em: coachs e investidores financeiros mirins; no caso Hytalo Santos; no caso do canal Bell para meninas; e na veiculação de conteúdos sem filtro de menores de idade, como fotos, propagandas e vídeos nas redes sociais.
Todos estes que são criados pelos responsáveis (ou com seu aval) dessas crianças e adolescentes. E, assim o fazem com a finalidade da busca de “likes” e da monetarização desse conteúdo. Ou seja, a adultização forçada dos menores de idade ou tem o objetivo de validar a experiência de cuidado dos responsáveis ou de gerar lucro (dinheiro) para eles.
Sabe-se, de acordo com a Psicologia e Psicanálise, que o desenvolvimento saudável (cognitivo, neurológico e mental) precisa passar por algumas etapas. Dentre essas: a formação da identidade e a descoberta dos limites das relações afetivas. E, que o acesso irrestrito às redes pode causar danos psicológicos e neurológicos, independente da idade.
Quando se normaliza esse acesso sem limites à internet por menores de idade, o processo de criação de “quem eu sou” é distorcido. A identidade não vira algo próprio, mas depende da validação do público, que está do outro lado da tela. Ademais, não se estabelece uma relação definida sobre como lidar com frustrações e as consequências reais dos próprios atos.
A pessoa que está neste processo acaba por nem perceber como está vulnerabilizada. Normaliza-se a situação, podendo chegar a defender quem a forçou a se objetificar e vender. Isso porque se tornou rotineiro na vida do menor de idade estar em situações de risco, algo feito por pessoas em que se confia.
Isto torna todo o viver angustiante. Gerando a busca por limites no material, na defesa, na dor, no sexo, no perigo, no extremo. Se tornam comuns questões como: falta de repertório socioemocional, problemas escolares, dificuldade de estabelecer relações, problemas identitários, de imposição de limites, de lidar com frustrações, de raiva e agressividade, isolamento, transtornos nos geral e ideações suicidas.
Tendo consciência disso, nestes casos se faz importante a intervenção psicoterapêutica por um psicólogo especializado, junto a ação dos responsáveis. Dentre as possibilidades estão: acolhimento; trabalhar o vício em telas; ressignificar o uso das redes; instrução dos responsáveis; lidar com as questões advindas da adultização; e investir na prevenção e conscientização sobre as situações de risco como um todo.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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