Agosto lilás e a violência de gênero contra as mulheres
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O “agosto lilás” é o mês de conscientização sobre a violência contra as mulheres. A campanha do Ministério das Mulheres foi estabelecida em 2022. E propõe identificar, combater e interromper a violência de gênero a qual as mulheres estão sujeitas, para que não resulte em feminicídio.
O mês foi escolhido, pois, é em agosto de 2006 que se promulga a lei Maria da Penha. Essa tipifica os tipos de violência contra a mulher em: psicológica, física, sexual, moral e patrimonial.
Ademais, a campanha se faz importante, porque no Brasil em 2023, segundo o site do Governo Federal, 1467 mulheres morreram vítimas de feminicídio (maior número desde a sanção da lei em 2015). Houveram também 258.941 casos de violência doméstica. E, ainda no ano passado, as tentativas de feminicídio foram de 2797. Com altas de registro de ameaças, stalking (perseguição), violência psicológica e estupro, em relação aos anos anteriores.
Mas, o que é a violência de gênero? É a violência que tem como alvo a pessoa que pertence a outro gênero. E em sua base a ideia de se perpetuar os papéis sociais que se acredita que uma pessoa deve desempenhar por ser mulher. Por exemplo: um homem que comete esse tipo de violência entende que é comum (ou até correto) agredir sua esposa caso ela não cozinhe para ele, pois ele acredita que esse é o papel dela na sociedade.
Isso porque, por muito tempo se sustentou a crença que violências contra a mulher poderiam ser legitimadas, através da organização social de poder desigual entre homens e mulheres, na qual os homens teriam direitos sobre o corpo feminino, incluindo o direito à violência.
Estes são os famosos relacionamentos abusivos. Em que uma pessoa mantém uma relação de poder sobre a outra através do uso da violência.
E mesmo as mulheres que conseguem se livrar deles, temem ser revitimizadas em novas relações. O que resulta em: isolamento social, prejuízo nas atividades cotidianas e de trabalho (o que pode levar a perda de salário), receio de mostrar vulnerabilidade, de não serem merecedoras de afeto e limitação do cuidado consigo e com os outros.
No campo da saúde mental, essas relações abusivas levam a: altos índices de depressão, ansiedade, fobias, ideações suicidas e suicídio. Pesquisas também mostram que essas mulheres tem maior risco de desenvolver estresse pós-traumático e transtornos de humor ou recorrer ao uso de substância para lidar com os episódios de violência recorrente aos quais são submetidas.
Considerando todas essas questões, ressalta-se que a violência de gênero contra a mulher é enfrentada em diversas frentes. Dentre elas há políticas públicas (inclusive de apoio socioeconômico), o disque 180 (central de atendimento à mulher) ou 190 (polícia militar) para realização de denúncias, assistentes sociais, jurídicos e psicólogos.
E cabe ao psicólogo ajudar no acolhimento e cooperação nas ações de proteção a mulher. Além da prevenção e conscientização sobre as possíveis violências que ela pode estar sofrendo. E no rompimento dos ciclos de violência vividos, lidar com os traumas e suas consequências, além de promover a reintegração social, com a rede de apoio e sobretudo a autonomia.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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