Dado o início do mês de dezembro, começa nas plataformas de vídeo a enxurrada de filmes natalinos. Principalmente daqueles que trazem os casos de amores perfeitos com finais de: felizes para sempre. E, quem os assiste, acaba muitas vezes por ficar imaginando como seria viver tal cenário, de ter uma paixão com parceiros perfeitos.
No entanto, isto tudo pode resultar em uma angústia muito grande ao se entender que não é possível viver essas “paixões de vitrine”. Algo produzido e idealizado para parecer perfeito e ser vendido. Mas, por que isso ocorre?
Quando se fala do amor romântico, a idealização remete ao que pode ocorrer como uma forma de buscar algo que não existe na realidade, mas que seria muito prazeroso. E se isso está muito descolado do que é possível na realidade, o espaço dessa distância é ocupado pela frustração.
Para a Psicanálise, por exemplo, a “idealização” é um mecanismo de defesa do nosso psiquismo. O qual age ao atribuir a uma pessoa ou coisa as qualidades de perfeição. Esta tem o objetivo de defender alguém de uma ansiedade, angústia, frustração, raiva, desprezo, inveja ou de sentimentos desprazerosos.
Este mecanismo de defesa pode, em alguns contextos, ser positivo. Pois, quando a pessoa se identifica com aquilo que é idealizado (o perfeito), essa percebe em si as qualidades boas que possui. Como uma criança que pensa que os pais são perfeitos, imita e se entende como tendo qualidades deles e isso molda parte da sua personalidade. Ou seja, não é algo específico do amor romântico.
Porém, a idealização se torna algo sintomático ao se descolar do que é real. E ao se passar a categorizar as pessoas só como: muito boas ou só muito ruins. Ou seja, não compreendendo a personalidade como um todo.
Assim, não existe aquele que é idealizado, há somente um sonho perfeito do que se deseja que o outro seja. O que justifica (para quem idealizou) que o apaixonado ignore a si mesmo e as suas necessidades, gostos, amigos e familiares. Sempre ficando em segundo lugar na relação.
Consequentemente, há uma frustração enorme quando a fantasia (idealização) se confronta com a realidade. Pois o outro nunca pediu para se tornar um ideal e corresponder a essa expectativa é uma responsabilidade impossível de se arcar.
E quando não se é perfeito, quem idealizou, passa a ressentir quem se provou incapaz da perfeição. Mas então, o que fazer?
Através da psicoterapia é possível aprender sobre modelos mais saudáveis de relacionamento. Assim como formas de enfrentar e arcar com os próprios sentimentos negativos e inseguranças. Fazendo com que a idealização não seja necessária. E que se possa decidir se a pessoa real é alguém com que se quer compartilhar o amor e a vida.
Ademais, na terapia com um psicólogo pode se ter o melhor conhecimento de si. O que permite com que a pessoa entenda que a plenitude não está na busca de um outro perfeito, mas sim em ser mais independente, autônomo e saudável, de forma real. Algo que pode ser atingido tendo um propósito e prazer em: hobbies, trabalho, redes de apoio, atividades físicas, alimentação saudável, tempos de lazer, arte ou religião.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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