Autoimagem e como os jovens se veem nas redes sociais
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Plataformas digitais como Instagram, Facebook, Twitter e TikTok vêm mudando a forma como os jovens registram suas memórias e também como enxergam a si mesmos. Afinal, tornou-se incomum o uso do álbum fotográfico para registro de momentos importantes.
Os registros, que antes apresentavam valor de memória, agora apresentam os de autoimagem, a forma que a pessoa administra seu tempo, poder aquisitivo, narcisismo e autoconfiança.
Pesquisas e matérias midiáticas ilustram que os jovens agora se preocupam com o que será registrado e por quanto tempo isso irá durar dentro das redes. Porque, a depender das circunstâncias, os significados adquiridos serão diferentes.
Há faixas etárias mais novas que equiparam colocar fotos de perfil, por exemplo, a colocar um bullying em si. Pois há mudanças iniciais da adolescência, questões de classe social ou cor, que os tornam mais vulneráveis a essa violência.
Já os adolescentes mais velhos, identificam que manter as fotos online é um desafio, por terem uma autoimagem (percepção de si, a forma como a pessoa se enxerga) distorcida, considerando-se fora de um padrão de beleza estabelecido. Assim, suas fotos não teriam valor suficiente para serem vistas ou validadas.
E para aqueles que estão saindo da adolescência e entrando na fase adulta, as fotos são julgadas em uma dualidade. Por um lado, costumam ter mais autoconfiança para postá-las. Por outro, julgam aqueles que o fazem como narcisistas e que “não tem mais o que fazer”.
Tudo isso ilustra a posição de fácil julgamento que a internet proporciona às pessoas, sendo quase como um tribunal anônimo de tudo aquilo que desacredita a autoconfiança do indivíduo.
Isto, somado ao fato de que jovens usam cada vez mais as telas como forma de comunicação e buscam, através delas, a validação de si, expõe os impactos negativos sobre a saúde mental desse grupo.
Como resultado, temos diversos transtornos relacionados ou decorrentes de episódios em que a internet é protagonista. Tais quais: depressão, ansiedade, TOC (Transtornos Obsessivos Compulsivos) e ideações suicidas e suicídios.
No entanto, devido ao papel de comunicação e validação positiva que as redes também podem ter, a sua exclusão da vida dos jovens não é o caminho mais ideal. Já que, na era digital, seria como se ilhar da sociedade.
É preciso estabelecer valores e questões para que o indivíduo em formação se sinta autoconfiante, não tenha uma autoimagem distorcida, enfrente e não reproduza situações de bullying, entenda sobre as consequências de suas ações, se sinta confortável para registrar suas memórias na internet e fora dela e possa ter uma relação e uso saudável com as redes. E esse é o papel e aprendizado que a psicologia e a psicoterapia podem ajudar.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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