De acordo com o Jornal da USP, em 2022 foi publicado o estudo “Mulheres que produzem e vendem seus próprios conteúdos sexuais na internet: relatos e debates em mídias on-line acessíveis para adolescentes e jovens”, sob a coordenação de Marcos Garcia, da UFSCar, se tornando também matéria do Fantástico.
O estudo faz parte de uma pesquisa desenvolvida em conjunto, entre: UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), USP (Universidade de São Paulo), Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e alunos de ensino fundamental e médio das cidades de Sorocaba-SP, São Paulo (capital) e Santos-SP, no formato de pré-iniciação científica. Dentre os objetivos, estava avaliar o aumento do consumo e venda de pornografia de forma online durante a Pandemia do Covid-19.
A mudança no modo de venda e consumo de pornografia durante e após a pandemia relatados, fala sobre um tópico importante da psicologia, saúde mental e sexualidade: a transição da forma com que se relaciona com as pessoas. Em vidas aceleradas (com menos tempo para si e para o outro), ter um conteúdo mais “gourmetizado” (escolhido a dedo para as próprias preferências), e que pode ser acessado a qualquer momento, tem virado tendência (tendo plataformas online específicas para o conteúdo).
Contudo, isto se coloca como um problema. E não é uma questão de julgamento moral, religioso ou ético sobre o consumo, muito pelo contrário. Na verdade, é de como isto pode levar a uma questão de saúde mental, um adoecimento.
Por um lado, quem cria e distribui o conteúdo pode ter ganhos, tanto financeiros (conseguir subsistir ou lucrar), quanto identitários e de autoestima. Como ter sua aparência validada, superar questões de debilidade física, de tipo e tamanhos dos corpos, de gênero ou de raça e cor. Ao custo de que seu corpo e identidade viram objeto de desejo sexual para o público.
Por outro lado, quem consome, caso mantenha isso por determinado prazo e de forma inconsequente, interfere na capacidade da pessoa de criar e manter vínculos afetivos e saudáveis com quem se deseja (não só românticos, mas familiares de amizade também). Leva a criar padrões inatingíveis de desejos, desempenho e fantasias sexuais, resultando na menor habilidade de lidar com frustrações. E a de se dispor cada vez menos energia mental para ser sociável. Podendo resultar em isolamento, vícios e traumas.
Deste modo, o papel do psicólogo se faz importante. Para que seja possível tratar a saúde mental, desejos, expectativas, vícios, transtornos e a forma com que se relaciona com o outro, tudo de maneira educacional e livre de preconceitos. Pois, se pensa sempre no que traz saúde e bem-estar para o indivíduo.
Além disso, criam-se espaços para discussão de assuntos que têm impacto direto na forma que se vive o dia a dia e que, se não forem abordados, resultarão em um adoecimento individual e coletivo.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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