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“Cutting” (autolesões), a busca de sentido pela dor

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08/09/2024 05h17 - Atualizado há 1 semana Publicado por: Redação
“Cutting” (autolesões), a busca de sentido pela dor

Nessa semana do “Setembro Amarelo” será discutido um comportamento que ocorre devido à grande sofrimento psíquico, o “cutting”. Esse é o nome dado ao ato compulsivo de causar lesões a si, sem que exista a ideação suicida.

Referindo-se normalmente a prática de cortar a pele, este pode aparecer de diversas formas. Dentre elas: uso de instrumentos perfurantes, cortantes, se morder, bater repetitivamente em partes do corpo, se bater contra a parede ou pelo queimar da pele.

E, em única sessão de cutting o indivíduo pode realizar várias lesões em uma mesma área. O que resulta em um padrão repetitivo de cicatrizes.

Além disto, por ser uma atividade compulsiva, o descontrole é um componente que o marca. Dessa forma, é possível que ocorram erros no seu planejamento, aumentando o risco de suicídio.

Diferente do que muitas vezes é retratado na mídia, o autolesionar não se restringe a região dos pulsos. Ademais, seus sinais são complexos de serem percebidos. E é comum que a pessoa escolha regiões que não são facilmente expostas, como: antebraços, interiores das coxas, axilas ou entre os dedos dos pés.

Estudos em psicologia (2022) encontraram a prevalência do cutting em adolescentes e jovens adultos, iniciando-se normalmente aos 14 anos. Apesar de ser tipicamente representado em casos de sexo feminino, revisões cientificas atuais encontraram que há uma equivalência entre homens e mulheres.

Dentre as motivações mais comuns para o cutting, tem-se: redução de tensão ou de sentimentos negativos, autopunição por supostos erros, um pedido de ajuda, forma de extravasar a angústia inominada, busca por uma forma de aplacar a solidão, dificuldade de expressar sentimentos ou modo de tentar resolver conflitos pessoais para que se apresente como uma pessoa funcional no cotidiano.

Além de que, o cutting é um ato psicossomático, ou seja, tem a função de trazer ao consciente a angustia que não pode ser corretamente expressada.

Por ter esse papel de contornar e colocar para fora as aflições, aqueles que realizam as autolesões tendem também a vê-las como positivas. Por isso, costumam não ir em busca de ajuda.

Também é uma prática que se apresenta em comorbidade com outros transtornos, como: de personalidade, borderline, personalidade antissocial, alimentares, por uso de substancias, ansiosos, depressivos e até mesmo em casos de autismo. Aumentando a necessidade de um acompanhamento profissional.

Na terapia com um psicólogo é possível avaliar a presença e frequência do cutting, validar os sentimentos do paciente em um ambiente seguro e acolhedor, criar estratégias alternativas para o comportamento, ajudar o paciente a processar suas angústias e sentimentos negativos, estimar o risco de suicídio e tratar os transtornos coexistentes.

 

Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)

Psicanalista especializado em gênero e sexualidade

Redes: @psi_matheuswada

Telefone: (16)99629-6663

Email: [email protected]

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