Popularizou-se a partir da internet o termo “mimimi”, que é utilizado como uma tradução ou gíria informal; normalmente para comentar sobre algo que a pessoa considera ser uma queixa infantil ou sem fundamento.
O sofrimento, para algumas pessoas, ocupou o lugar de um “direito” a ser conquistado e vem deixando de ser uma condição humana.
E, mesmo quando esse direito é conquistado com muito custo, o sofrimento deve ser comedido, pois, caso se sofra demais, não se é bem aceito socialmente.
Afinal, é comum que o trabalho não reconheça o burnout e depois queira que seja curado sem pausas na produção; que o amigo depressivo precise melhorar em 1 mês; ou que o período de luto por perder um filho seja de sete dias. Todo sofrimento passou a precisar seguir uma lógica blasé, para não ficar indigesto no paladar social.
Viver nessa fantasia não se propõe como algo possível. Não é porque as pessoas se acostumaram a desclassificar o sofrimento do outro (dizendo que é tudo “mimimi”), ou achar que precisam sofrer em silêncio, que isso é possível a longo prazo.
Para a psicologia, a empatia é uma habilidade básica ao desenvolvimento humano saudável. Compreendendo a capacidade psíquica e cognitiva de se colocar no lugar do outro, simular seus sentimentos e assim entender sobre suas questões e sofrimentos.
A empatia é importante não só para as relações em sociedade, mas também por permitir que o indivíduo elabore as suas próprias questões a partir do que identifica nas pessoas ao seu redor. No entanto, quando se trata tudo como “mimimi”, problemas aparecem.
Ter uma postura narcisista e prepotente de se achar no direito de dizer sobre o que o outro pode sentir e sofrer, é algo infantil e controlador. E não reconhecer isso e os sofrimentos alheios, fala de uma incapacidade empática e de lidar com as próprias questões.
Quando se classifica tudo como “mimimi” e não se elabora nada (ou porque não será bem visto, ou por preconceito, ou porque não se está pronto), essas questões tomam raiz e emergem de outras maneiras. Essa é a chamada psicossomática, quando o psíquico aparece no corpo.
Tal qual: pessoas que são mais insensíveis, mas que são sempre explosivas, raivosas, comem muito, ansiosas ou têm enxaquecas constantes ou dores crônicas nas costas, joelhos, etc.
Por isso, é importante ter um local e um profissional especializado para ajudar a lidar com todas essas questões. Na terapia com um psicólogo é possível elaborar as questões que levam a esses preconceitos e dificuldades de lidar com as próprias emoções e o reconhecimento dessas no outro. Além das questões psicossomáticas, de controle e narcísicas que acompanham tudo isso.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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