ISTs, o silenciamento do assunto entre os jovens e suas consequências
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Pesquisas no campo da saúde evidenciam que temas como HIV/Aids e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) são raramente abordados nos contextos sociais durante o ano. Dessa forma, resta para as campanhas como o “Dezembro Vermelho” (Campanha Nacional de Prevenção Contra HIV e outras ISTs) e de Carnaval o conscientizar e trazer esses assuntos à tona.
Porém, no resto do tempo, a saúde sexual é colocada num campo de esquecimento. Seja no ambiente escolar, familiar, de amizade ou de trabalho.
Nos últimos anos, houve um crescimento de certas ideias que chegaram até a negar a seriedade do assunto. Como o questionamento da importância da discussão sobre gênero e sexualidade, que resultou em um fechamento em 2019 do CNAIDS (Comissão Nacional de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs), que foi reativado em 2024, por exemplo.
Já entre os adolescentes, a relativização da temática é ainda mais séria, já que não faz parte das discussões abordadas nas escolas ou nas redes sociais acessadas.
Isto devido à perda de presença do Programa Saúde na Escola (PSE) e crescimento de movimentos como o “Escola sem partido”. O que tem fornecido dados demonstrando que a geração jovem desconsidera a seriedade da saúde sexual e reprodutiva, pois, segundo pesquisas, essa tem menos informações sobre os assuntos.
Há também o componente de medo de um julgamento moral. E isso incorreria em serem julgados pelas pessoas como sexualmente ativos. Muitos se sentindo inibidos de comprar preservativos (de acessar outros métodos de prevenção) ou de tirar dúvidas sobre como utilizá-los, mesmo pela internet.
O que leva a repercussões dessa desinformação sistemática: a diminuição do uso de preservativos, aumento do número de gravidez indesejada, de ISTs entre jovens de 14-24 anos e aumento no número de evoluções de casos de HIV para AIDS.
E algumas consequências que se apresentam na saúde mental das pessoas com ISTs, são: melancolia, sintomas depressivos, estresse, agressividade, comportamentos sexuais de risco, dificuldade com autoconfiança e dificuldade em confiar no outro.
Em outro ponto, nos casos de infecção por uma IST, estudos psicológicos também demonstram a importância do acolhimento da rede de apoio e da equipe de saúde, pois, com o apoio familiar ou de exemplos, o impacto da notícia é atenuado.
Ademais, através da abordagem por uma equipe de saúde, é possível apresentar o assunto de forma calma e profissional, mostrando a possibilidade de um tratamento medicamentoso e, às vezes, a solução da questão. E que em casos crônicos não há impedimento que a pessoa viva bem.
Nestes casos, o papel do psicólogo como um profissional da saúde e da psicologia como ciência se faz vital. É importante criar-se um espaço de conscientização e conversa sobre questões de saúde sexual, sem julgamento moral ou preconceitos e ajudar o paciente a estabelecer uma rede apoio.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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