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Maternidade dos “bebês reborn”: o que há por trás disso?

Rede Social/IA

A moda dos “bebês reborn” se popularizou através da internet. Esses são bonecos realistas de recém nascidos, bebês e crianças.

Historicamente, vem do ato de se remendar e restaurar bonecas para acalentar e distrair crianças nos tempos da 2ª Guerra Mundial. Era um afastar da angústia e da realidade aterradora.

Depois, o “reviver” dessas bonecas vai para o campo da arte. Hoje, essa subcultura tem seu próprio mercado, com seus criadores tendo até filas de espera para as encomendas.

Mas fica o questionamento: é um brinquedo caro ou algo a mais?

Há uma questão psíquica de se possuir algo, o que pode dar sentido ao que está em falta dentro de si. É uma busca por se consolar através do material.

Isto, muitas vezes, não é alcançado com uma pessoa de verdade, pois ela foge daquilo que é idealizado e isso frustra demais. Então, se busca “algo” e não “alguém”.

Como é o caso de pessoas que relatam na internet: “queria um filho, mas não sei se queria mesmo”, “queria só sentir amor materno”, “queria algo que me desse sentido no fim do dia”. Assim, os brinquedos que se tornam “filhos”.

Porém, algumas relações ganham mais contorno e sentido. Podendo ser até mesmo terapêutico em determinado grau, pois permite que se aproxime de alguns temas antes desses se tornarem mais reais e complexos.

Por exemplo: o boneco pode ser tal qual um bebê; ou parece com o bebê que alguém poderia ter tido se a gestação tivesse dado certo; a relação materna é quase que como a que se teve com a própria mãe.

É possível ressignificar coisas difíceis de abordar: como a maternidade, relações intrapessoais, familiares, angústias, ausências e lutos.

No entanto, falar de temas tão complexos de uma forma superficial pode ser muito perigoso. Se alguém busca lidar com seu luto pela perda de um filho, mas fica vítima de reviver a situação com ao ver o “reborn”, essa pode chegar ao suicídio.

Outro contexto sério é o de casos em que há uma separação da realidade. Uma psicose. Na qual alguém faz a substituição total de uma pessoa real com o bebê reborn. Não se vê mais uma boneca, mas sim um filho de verdade.

Dentre todas estas possibilidades (de tamponar angústias, usos terapêuticos ou situações mais psicóticas) convém o acompanhamento de um psicólogo. Já que é através da terapia que se pode elaborar corretamente os traumas e questões que incomodam e lidar com possíveis transtornos psicóticos.

 

Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)

Psicanalista especializado em gênero e sexualidade

Redes: @psi_matheuswada

WhatsApp: (16) 99629 – 6663

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