A nova Lei 15.199/2025, criada e sancionada nesta semana pelo atual governo, institui o “Setembro Amarelo” como Política Pública Nacional de Saúde. Com os objetivos de prevenção à automutilação (ferimentos intencionais ao próprio corpo com objetivo de aliviar angústias) e ao suicídio.
A campanha de conscientização em saúde mental já ocorre desde 2013 no Brasil, realizada por instituições de saúde, com o lema “Se precisar, peça ajuda!”. E acontece em setembro devido à data de 10/9 ser considerada o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, em conformidade com a determinação da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Agora que a iniciativa se torna uma política pública de saúde no Brasil, algumas mudanças são possíveis no campo da ação em saúde mental. Como a criação de ações e programas a serem implementadas pelo governo (que poderão ser acessados pela população durante todo o ano), promovendo a prevenção e conscientização sobre os assuntos.
Ademais, o relatório “O Estado Mental do Mundo” (2024) coloca o Brasil como o 3º país mais afligido por questões de saúde mental, de acordo com a publicação anual da “Sapiens Lab” (organização internacional de estudos da mente humana). Sendo esse o relatório internacional que avalia a saúde mental, como transtornos, doenças e taxas de suicídios, em 64 países ao redor do mundo.
Dito isto, a discussão e política pública de saúde mental se fazem importantes, pois, só em 2023 houve 16,8 mil óbitos por suicídios no país (com os dados de 2024 ainda não publicados). Ou seja, uma média de 46 pessoas perderam suas vidas para o suicídio por dia, de acordo com o Ministério da Saúde, através do Sistema de Informações sobre Mortalidade.
Sobre a questão dos suicídios, especificamente, para a Associação Brasileira de Psiquiatria (2023): 96,8% dos casos de suicídio estão associados a outros transtornos. Tais quais: ansiedade, depressão, transtornos bipolares, psicóticos, de humor ou personalidade. Demonstrando a necessidade de um cuidado em várias frentes da saúde mental.
Há uma crença na opinião pública de que falar sobre o assunto do “suicídio” pode incentivar as pessoas ao ato ou “contaminá-las” com a ideia. O que é comprovadamente (por dados e pela ciência) errado e também prejudica o processo de pósvenção (que é o processo de cuidado e acolhimento prestado aos sobreviventes de um suicídio).
Contudo, justamente ao não falar, deixando no campo do imaginário, a fantasia ao redor do ato (do suicídio) se apresenta como saída. A ideação suicida, então, se torna uma válvula de escape para a pessoa que está passando por um sofrimento tão avassalador que nenhuma outra solução parece cabível para toda essa angústia. Para esse indivíduo que muitas vezes está se sentindo abandonado e por isso não enxerga outras estratégias para lidar com a situação.
Tudo isso exalta a importância do tratamento em saúde mental e da desmistificação sobre os temas. Ações que devem ser desempenhadas por profissionais de saúde mental, como um psicólogo.
Feitas de forma preventiva, também durante as crises e ideações e na pósvenção. Sempre buscando conscientizar, informar, acolher e buscar saúde para quem está em sofrimento. E cujo tratamento é realizado livre de tabus e preconceitos sobre os temas, com um ambiente seguro e acolhedor, no qual a pessoa pode se expressar livremente para lidar com suas angústias, crises e ideações.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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