TDAH Infantil
Caso não seja devidamente abordado e tratado, traz diversas complicações para a vida cotidiana da pessoa
O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um transtorno neurológico, possui raízes genéticas e é caracterizado por sintomas como falta de atenção, impulsividade e inquietação. Esse transtorno se manifesta na infância, porém, algumas pessoas só o identificam em idades mais avançadas. E caso não seja devidamente abordado e tratado, traz diversas complicações para a vida cotidiana da pessoa.
Outros sintomas comuns na criança com TDAH são: movimentação excessiva pelo ambiente, dificuldade de suportar o silêncio e mexer os pés e mãos o tempo todo; dificuldade de se concentrar em atividades de longa duração ou repetitivas (mesmo que sejam prazerosas); e serem facilmente distraídas por estímulos externos ou por seus próprios pensamentos.
Já em questões escolares pode ser identificado em crianças que facilmente se esquecem de materiais de uso cotidiano ou que têm dificuldade de se lembrar de conteúdos já estudados. A impulsividade também aparece quando essas crianças não conseguem ler perguntas e textos por completo, pois sempre pulam pedaços dos enunciados.
Isso tudo resulta em uma dificuldade de organização e planejamento. Por isso, pode parecer que uma criança com TDAH tenha uma capacidade intelectual menor do que seus pares ou esteja “atrasada”. Mas seu desempenho está mais associado a seus comportamentos, devido ao transtorno, do que ao seu rendimento em si. E isso nos leva à pergunta, será que toda criança desatenta e hiperativa tem TDAH?
Há uma questão muito importante a ser pensada nesse sentido que é sobre o uso indiscriminado de remédios, ao mesmo tempo em que se ignoram os problemas de contexto educacional. Afinal, uma das primeiras medicações para crianças com TDAH foi o “Concerta” (e seus análogos: Venvanse e Ritalina), que vinha com a promessa de “consertar as crianças” com mau rendimento escolar, na década de 1950. E, seus efeitos eram deixá-las: dóceis, apáticas, quietas e atentas na sala de aula. Assim, essas medicações foram amplamente prescritas no sistema educacional para “alunos-problema”, sem que houvesse um diagnóstico real.
E hoje, isso ainda acontece. Embora essas medicações tenham um ganho real para pacientes com TDAH, elas possuem efeitos colaterais, como: insônia, perda de apetite, enxaquecas, tonturas, apatia e sonolência. E, quando são prescritas por profissionais despreparados esses efeitos são ignorados. Ainda assim, há pais que permitem o uso dessas medicações sem necessidade, pois buscam filhos mais bem comportados, concentrados, com melhor desempenho escolar ou em vestibulares, por exemplo.
Portanto, para que o diagnóstico correto de TDAH seja dado de forma ética e a medicação seja utilizada de forma adequada, é preciso que ocorram consultas com um profissional especializado, como: psicólogo, neuropediatra, neurologista ou psiquiatra. E, isso só ocorre após um processo de diversas entrevistas, análise do contexto da criança, aplicações de testes e análise dos resultados. Já que somente os sintomas descritos acima não são o suficiente para fechar o diagnóstico de TDAH. Afinal, toda criança pode ser descrita como “desatenta, impulsiva ou inquieta” em algum momento.
Psicólogo formado pela PUC-Campinas.
Psicanalista pós-graduado pela Mackenzie-SP.
Especializado em Psicanálise, Gênero e Sexualidade pelo Instituto Sedes Sapientiae.
Matheus Wada Santos
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