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Traição ou controle exagerado? As angústias de um relacionamento moderno

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10/11/2024 08h37 - Atualizado há 1 mês Publicado por: Redação
Traição ou controle exagerado? As angústias de um relacionamento moderno

Há um novo termo se popularizando na internet, que é o de “micro traições”. E de acordo com a revista Psychology Today (revista estado-unidense de psicologia), a expressão se refere a “pequenos atos de traição percebidos em um relacionamento, mas que não ultrapassam o limite para um caso apropriadamente físico”.

E, como não houve a traição propriamente dita, mas sim uma “percepção” desta, quem dá o veredito do que realmente ocorre é aquele se sente traído. Costumeiramente, junto a um tribunal de comentadores da internet.

Assim, alguns dos comportamentos descritos em “trends” (assuntos destaque) de internet ou de plataformas como o TikTok ou Instagram, são: deletar conversas por qualquer motivo que seja; não permitir que o parceiro tenha acesso total a sua privacidade; enviar mensagens a alguém e não contar tudo sobre ao parceiro; manter contato com algum ex-parceiro; reclamar sobre o parceiro; ser afetivo com pessoas que não o parceiro; não anunciar seu status de relacionamento abertamente; e olhar fotos de alguém que ache atraente.

No entanto, ao ler essa lista, abrem-se os questionamentos: estas pessoas estão realmente percebendo traições? Ou na verdade elas estão em uma lógica sintomática de querer possuir o parceiro? Elas não estão querendo controlar todos os comportamentos do outro? Esse controle é obsessivo?

Sabe-se que tudo está mais acessível, desde o flerte até o rastreamento em tempo real pelos celulares. O que inclui a possibilidade de aplacar as angústias. No caso, as de se “poder ser traído a qualquer momento”.

E se faz essa autotranquilização com novas formas de controle e comportamentos obsessivos: os de querer saber tudo sobre o outro; e de controlá-lo.

Ou seja, há uma angústia de não saber se o outro é 100% confiável. Mas, isso porque, a própria pessoa não confia em si e não suporta suas inseguranças. Então, ela fantasia de uma forma ansiosa, com pequenos recortes de realidade que qualquer comportamento do parceiro é uma traição.

Esse modo ciumento de funcionar é bem sintomático, fazendo mal para quem o reproduz e para o relacionamento como um todo porque, quando se fala sobre ciúmes, se fala sobre não suportar os afetos do outro.

Isso, pois, nos ciúmes, a pessoa quer ocupar a mente da pessoa amada de uma forma psicótica. Projetando as próprias inseguranças no parceiro.

Porém, ao se perceber que essa outra pessoa não atende a todos os desejos da pessoa ciumenta (o que na realidade é impossível), o indivíduo recorre aos mecanismos psíquicos de defesa, como: comportamentos agressivos, de controle, de sabotagem de autoestima, discussões, desconfiança, ansiedade, paranoia e até agressões.

Entra aí o papel da terapia. Com o auxílio de um psicólogo é possível: identificar o que realmente são traições e o que são situações de controle obsessivo; enfrentar os medos e frustrações que levam aos medos ansiosos; identificar o ciúme e elaborá-lo; ter relacionamentos mais saudáveis; e ter uma visão abrangente e completa das situações reais que se está vivendo, assim resultando numa melhor saúde mental.

 

Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)

Psicanalista especializado em gênero e sexualidade

Redes: @psi_matheuswada

Telefone: (16)99629-6663

Email: [email protected]

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