‘Minha experiência com o Caminho da Fé’, por Orlando Calchi Junior

Arquivo Pessoal

Nosso Senhor Jesus disse: “Quando fores rezar, entra no teu quarto e dirige-te ao Pai que está oculto, e Ele saberá o interesse do teu coração.” Com essa intenção, fiz um propósito, há alguns anos, de percorrer o Caminho da Fé.

O plano inicial era fazer o Caminho da Fé após minha aposentadoria, ou seja, no próximo ano. Porém, a ideia de antecipar a jornada para 2025 ganhou força quando meu filho, Gabriel, disse que, se fosse este ano, ele me acompanharia.
Assim, comecei a estudar o trajeto, consultei rotas, pousadas e outros detalhes. Iniciamos uma peregrinação no dia 1º de maio, partindo de Águas da Prata, em um percurso de 318 milhas, com uma média de 30 milhas por dia. Alguns dias foram um pouco mais longos, outros com 28 ou 20 milhas, e, no último, apenas 22.

O trajeto, que vai de Águas da Prata, no estado de São Paulo, até Aparecida, passa por dezoito cidades. Não as mencionei aqui para criar aos leitores a pesquisarem sobre o Caminho da Fé. O percurso é repleto de paisagens belíssimas: vales, montes, riachos, plantações e animais à beira do caminho. O por do sol, cada um mais lindo que o outro, e o espetáculo deslumbrante dos amanheceres são momentos que as fotos não conseguem captar com a mesma intensidade que os olhos contemplam.

Ao longo do Caminho, fizemos muitos amigos. Conhecemos, por exemplo, o senhor Silvano, de 74 anos, da Baixada Fluminense, que esteve em sua sexta peregrinação, desta vez sozinho – uma pessoa com histórias incríveis para contar! Também os amigos de Campinas, Marcão, Gudo e Fernando, que compartilharam dicas valiosas sobre hospedagens e caminharam conosco por dois dias. O João, de Americana, foi um exemplo de superação, concluindo a trajetória mesmo com dores. No final, ele ainda nos deu uma carona de volta para casa. É impossível mencionar todos, mas encontramos grupos de diversas cidades de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Durante o percurso, encontramos capelinhas construídas por devotos em agradecimentos por graças alcançadas. Elas servem como pontos de apoio, onde os peregrinos podem descansar, tomar água, fazer uma oração e seguir em frente. É comum ouvir pelo Caminho: “Quer um café? Uma água?” E, sempre que alguém passa, diz: “Bom Caminho!”.

Acho que falei um pouco de tudo: paisagens, pessoas, o acolhimento do povo mineiro… Mas o melhor momento ainda estava por vir. Ao sairmos de Gomeral, cerca de dez quilometros antes de Aparecida, avistamos, de longe, a silhueta da Basílica. Nesse instante, as lágrimas vieram novamente (sim, novamente, pois, como eu “havia entrado no meu quarto para orar”, chorei várias vezes ao longo do Caminho). A partir daí, Gabriel, João e eu não caminhávamos mais – quase corríamos, ansiosos para chegar à Basílica.

Não havia chovido nenhum dia, mas, ao alcançarmos o portão que dá acesso ao pátio da Basílica, começou uma chuva que parecia lavar a alma. Era um misto de choro, frases de agradecimento, abraços no meu filho e no novo amigo que o Caminho nos apresentou. Um “filme” passou pela minha cabeça: onze dias de caminhada, e, finalmente, “Cheguei!”. Bastava andar mais um pouco, subir as escadas e ver, no alto, a imagem milagrosa de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Foi quando meu filho disse: “Pai, hoje é o domingo do Bom Pastor.” Naquele momento, uma forte emoção tomou conta de mim, junto com a profunda certeza de que, sem dúvida, “o Senhor, que está oculto, ouve a nossa oração”.

Por Orlando Calchi Junior | 13/05/2025

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