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Associação de Delegados diz que Estado manipula número de crimes

26/03/2013 12h26 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Associação de Delegados diz que Estado manipula número de crimes

O mês de março registra 30% de aumento de homicídios em relação ao mesmo período de 2012. Os meses de janeiro e fevereiro de 2013 registraram quatro homicídios dois a menos que o mesmo período de 2012. Os dados são da Secretaria Estadual de Segurança Pública que divulgou ontem o segundo fechamento do ano.

 

Porém a Associação dos Delegados de Policia do Estado de São Paulo (Adpesp) contesta esses números, afirmando que há manipulação e omissão de informações. A presidente da Associação, Marilda Pansonato Pinheiro, diz que os números apresentados pelo Estado não são fiéis à realidade, pois as ocorrências registradas inicialmente como outra criminalidade não são incluídas nas estatísticas de homicídios.

“Exemplos de lesão corporal seguida de morte ou desaparecimento não entram nos índices de homicídios. Nos casos de chacina em que morrem vários indivíduos, é contabilizado como apenas um homicídio”, explica Pinheiro.

No ano passado São Carlos viveu uma chacina com cinco mortos. Na estatística do Estado, contou um homicídio e cinco vítimas de homicídio, conforme explicou a presidente Adpesp.

Outro fator que coloca em contradição os dados da SSP são as comparações de estatísticas realizadas pelo próprio órgão que obrigatoriamente demonstram índices em queda.

“A secretaria comparou índices de janeiro de 2013 com dezembro de 2012, que evidentemente foram maiores pelas ocorrências entre os conflitos de bandidos e a polícia. Como parâmetro, as estatísticas devem ser comparadas com o mesmo período de anos anteriores”, comenta a presidente.

Em março, nos dos dois anos anteriores, não foi registrado nenhum caso de homicídio, já neste ano, através de dados da Polícia Civil local, aponta o registro de quatro homicídios em 25 dias. Como os dados do mês atual ainda não foram divulgados, não é possível confrontar com as informações colhidas até o momento. Contudo a cidade já pode contabilizar oito homicídios no ano.

Para o especialista em segurança pública, professor Fernando Manoel Araújo Moreira, os índices registrados representam diversos fatores que contribuem para a ocorrência de homicídios como falta de participação da sociedade em denúncias, leis brandas, deficiência em estrutura e efetivo, tanto da Polícia Militar quanto Civil.

Para Moreira, os homicídios passionais, como casos de violência doméstica e outros crimes relacionados a entorpecentes não significam falta de investimento em segurança pública, pois não há como premeditar as ações. Porém investimentos de educação social e punição mais rígida para crimes passionais poderiam inibir a ação do praticante.

“Cerca de 90% dos casos de homicídios têm ligação à rede de entorpecentes. Esses casos são motivados por vingança, cobrança de dívidas e outros motivos fúteis, não há como manter um ostensivo de prevenção”, explica.

Ainda de acordo com o professor, o Brasil tem poucos casos de condenação por homicídios, menos de 5% e quando isso ocorre, o preso possui diversos benefícios que reduzem sua pena e adiantam seu retorno à sociedade. “As pessoas sabem que as chances de ficar impunes são grandes, por isso não temem as consequências. Mesmo com tanto impunidade, eu defendo e aprovo o trabalho realizado pelas Polícias Civil e Militar de São Carlos, como eficientes”.

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