PAULO MELLO
São Carlos FM
O nome de Airton Garcia Ferreira continua marcado na história recente de São Carlos. Sua gestão, reconhecida por um estilo simples, direto e avesso a formalismos, agora recebe também o selo técnico que consagra administradores públicos responsáveis: todas as contas analisadas pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) foram aprovadas — incluindo o exercício de 2023, cujo parecer favorável foi publicado em novembro de 2025. Trata-se de um ciclo raro de estabilidade fiscal em uma das cidades mais complexas do interior paulista.
O relatório do TCE-SP reforça que, mesmo diante de desafios históricos, a administração Airton Garcia manteve rigor nas despesas e priorizou áreas essenciais. Em 2023, a Prefeitura aplicou 27,94% em Educação (acima dos 25% constitucionais) e 28,53% em Saúde (quase o dobro do mínimo exigido pela legislação). A despesa com pessoal fechou o ano em 46,09% da Receita Corrente Líquida, patamar considerado exemplar em comparação com o limite legal de 54%. Além disso, todos os encargos sociais — INSS, FGTS, PASEP e parcelamentos — estavam regulares, assim como os repasses ao Legislativo e o pagamento de precatórios.
Outro ponto destacado pelo Tribunal é o equilíbrio financeiro mantido mesmo em um ano de déficit operacional. Embora a execução orçamentária de 2023 tenha registrado resultado negativo de 8,38%, o valor foi integralmente amparado por um superávit financeiro robusto do exercício anterior: R$ 213 milhões em caixa deixados pela gestão Airton Garcia. Para os auditores, isso demonstra solidez e ausência de riscos fiscais.
Na Educação, os dados reforçam avanços concretos: o investimento anual por aluno saltou de R$ 18.039 (2022) para R$ 21.271 (2023), aumento expressivo em apenas um ano e incomum no cenário municipal paulista. No mesmo período, a Prefeitura também aplicou integralmente — 100% — os recursos do Fundeb, após ajustes técnicos considerados adequados pela área de cálculos do Tribunal, que confirmou o pleno atendimento da legislação federal.
O esforço de regularização estrutural também foi reconhecido. Obras que estavam paralisadas antes de 2023 — como o CRAS do Residencial Itatiaia, o CEMEI de Água Vermelha e a reforma da Praça Coronel Salles — foram concluídas pela administração Airton, que apresentou documentação e registros fotográficos comprovando as entregas ao TCE . Na área ambiental, a gestão informou um avanço significativo: a coleta seletiva passou a atender 63% do território urbano, ampliando o alcance da política municipal de resíduos.
O parecer também registra outro efeito, menos visível para a população, mas determinante para a eficiência da máquina pública. Embora o IEG-M — índice que mede a efetividade da gestão — tivesse pontuação baixa em 2023, a própria decisão do TCE ressalta que o conceito subiu no exercício seguinte, reflexo direto das bases administrativas deixadas por Airton Garcia e das medidas estruturantes implementadas no fim de seu mandato.
Com as contas aprovadas consecutivamente em 2020, 2021, 2022 e 2023, Airton Garcia consolidou um legado de estabilidade e responsabilidade fiscal raro entre grandes municípios. Administrou sem discursos inflamados, sem autopromoção e sem glamour político — mas com foco no essencial: manter a cidade funcionando e as contas públicas em ordem. A aprovação das contas de 2023, somada ao conjunto de resultados apresentados ao longo de seus mandatos, reforça o papel de Airton como um gestor austero, pragmático e profundamente comprometido com São Carlos. Um prefeito que, mesmo após sua partida, segue deixando marcas concretas e reconhecidas oficialmente.
