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Especialista em eleições confia no ativismo digital

Consultor ensina que meios de comunicação não se substituem, eles se integram

29/09/2020 18h37 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Especialista em eleições confia no ativismo digital Foto: Divulgação

Com 30 anos de experiência nas áreas de Marketing Político e Estratégias Eleitorais, o jornalista e radialista, Gilberto Musto, acredita que a mobilização do eleitor será o diferencial destas eleições municipais. Ele também avalia que a pandemia terá o seu curso natural, aonde os candidatos irão para as ruas e reuniões fechadas, mas tomarão todas as medidas sanitárias com máscaras, álcool em gel e ausência de abraços e cumprimentos de mão.

Musto é graduado em Marketing com pós-graduação em Marketing Branding and Growth pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). No ano de 2009 palestrou nas eleições autárquicas de Portugal acompanhado eleições dos Estados Unidos pela George Washington University, em 2012. Coordenou grupos de Gestão de Comunicação Política na América Latina palestrando na Universidad de La Fronteira no Chile.

Autor dos livros Mapa do Voto, Estratégias Políticas para Redes Sociais, O Código do Voto e Mapa do Voto 2, Musto possui um ativo canal na rede social Youtube com mais de 54 mil inscritos. Através de sua expansiva rede digital orientou diversas campanhas nacionais e internacionais. Nas eleições de 2018 colaborou com a vitória do atual governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), que venceu adversários tradicionais do estado. Em entrevista exclusiva à Primeira Página, Musto responde várias questões cruciais destas eleições.

1 – Percebemos que esta corrida eleitoral apresentou um número excessivo de candidatos. Qual o motivo que provocou a presença de mais proponentes a prefeito?

R: Nós tivemos uma alteração na lei eleitoral, onde a coligação majoritária seguiu o modelo de 2016, porém as coligações proporcionais foram exterminadas. A primeira ideia é que esta modificação alimentasse as alianças para prefeito, o que não aconteceu, pois os partidos foram seduzidos a lançar um nome do próprio partido. Aquele vereador mais estruturado politicamente preferiu se lançar a prefeito do que apoiar outro candidato.

2 – Atualmente, a TV com sinal aberto sofre uma enorme concorrência das redes sociais, TV por assinatura e canais de streaming. Este processo vai reduzir a relevância da propaganda eleitoral de rádio e TV?

R: Na minha visão estratégica de consultor político, nós não substituímos nenhum tipo de divulgação. Nós acreditamos que todos os modelos de propaganda se somam, sendo que todos os canais de comunicação são muito importantes. Não acho que a rádio e a TV perderão relevância, pois são de forte impacto junto à população, mas sem dúvida alguma, a internet veio pra ficar e ela será decisiva em vários aspectos. Os meios de comunicação não se substituem, eles se integram.

3 – O facebook vai disponibilizar um botão para o eleitor ter a opção de rejeitar propaganda política. Este sistema vai dificultar o acesso dos candidatos ao eleitor?

R: Eu acho que, ainda, não, pois temos pesquisas que nos informam que cerca de 64% do eleitorado afirma que se não fosse obrigado a votar iria da mesma forma. Quando a gente diz que as pessoas estão cansadas de política é verdade até certo ponto. A partir do momento que se inicia as eleições, as pessoas querem debater, querem conhecer o candidato e elas se inflamam na defesa de suas teses. Eu avalio que este botão será muito pouco utilizado.

4 – Quais os cuidados que o candidato tem que tomar ao fazer uma live?

R: A apresentação de uma live requer uma certa habilidade diante das câmeras, na postação de voz e na organização de ideias. Uma frase mal colocada pode ser um erro fatal, pois o candidato será lembrado e viralizado pra toda cidade por esta gafe.

5 – O candidato pode contratar um radialista famoso ou influenciador digital, que possui muitos seguidores do município?

R: Sim, desde que respeitado todos os pontos contratuais pode-se utilizar radialistas ou influenciadores como âncora. O que não pode é o radialista ou influenciador se portar como um militante político. Ele deve, apenas, conduzir e apresentar o programa, não podendo cantar, performar ou pedir voto.

6 – Sua agência possui parceira com uma empresa de São Carlos de inteligência política, que consegue reunir dados fundamentais para um processo de campanha. O uso da tecnologia pode ser um diferencial?

R: Nós temos parcerias com inúmeras empresas representadas nos diversos segmentos de marketing. Como São Carlos é um polo tecnológico, nós temos uma equipe de suporte em inteligência eleitoral. A tecnologia é uma ferramenta fundamental para o controle, organização, pesquisa e tabulação dos dados de uma campanha.

7 – Percebemos, que a maioria do povo brasileiro já abandonou o isolamento social com praias e bares lotados. Na sua avaliação qual será o meio termo entre a campanha física e a virtual devido à pandemia?

R: O meio termo será que as reuniões vão acontecer como sempre aconteceram e as redes sociais terão o mesmo padrão de eleições anteriores. O pós-pandemia de retorno às atividades é uma questão de necessidade. Não tem como todo país ficar em isolamento social. A vida segue e iremos conviver com este vírus por muito tempo, ainda. Este distanciamento social tem que ser realizado com todo cuidado possível utilizando máscara, álcool em gel e sem abraços e cumprimentos de mão.

8 – O senhor acredita que os prefeitos e governadores irão abandonar o isolamento social durante o processo eleitoral?

R: O isolamento social já foi trocado pelo distanciamento social, mas não por consequência da eleição, mas, sim, pela redução de contaminação da Covid-19.

9 – Qual a maneira mais correta do candidato atingir uma massa ou o seu público alvo com pouco dinheiro?

R: Sempre afirmei que o candidato não precisa de muito dinheiro para ganhar uma eleição. O que ele precisa é de pessoas que se mobilizem, propaguem e que defendam o seu nome e suas plataformas de governo. O grande segredo desta eleição para atingir uma massa sem altos investimentos é o ativismo digital. Em muitos casos, o dispositivo móvel será trocado pelo militante de rua.

10 – O teto de gastos para prefeito em São Carlos é de R$ 1.444.432,19. Quais os cuidados que os candidatos devem obter para não ultrapassar este valor e qual o destino das sobras de campanha?

R: Como este cálculo foi baseado na média de gastos da campanha de 2012 será muito difícil haver uma sobra de campanha. A meta é o candidato montar um centro contábil com profissionais de alto gabarito técnico. Será muito importante para o gestor de campanha gastar com materiais de preços acessíveis e que tragam impactos e visibilidade ao candidato. Todo tipo de custo terá que ser muito bem analisado e orçado, pois o dinheiro de campanha não entra de uma única vez em um único momento. Normalmente falta mais do que sobra.

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