No PT, Newton Lima e Barba “passam bastão” para Erick Silva
Candidato do PT à Prefeitura de São Carlos em 2020 o sindicalista e cientista social é o sucessor do legado dos dois ex-prefeitos
No Partido dos Trabalhadores (PT) de São Carlos, a sucessão de lideranças se deu de forma natural, sem brigas, guerras de vaidades ou atropelos. De forma gradual e espontânea, lideranças do porte de Newton Lima e Oswaldo Barba, que governaram São Carlos por 12 anos, estão “passando o bastão” para a nova geração, simbolizada e representada pelo prefeiturável de 2020, Erick Silva. Mesmo com uma campanha curta, com parcos recursos e marcada pela dificuldade dos candidatos em falarem com a população, Erick conseguiu ficar em terceiro lugar, algo que surpreendeu toda a cidade.
Até mesmo o perfil de liderança petista mudou. Saiu o “PT universitário” para dar lugar ao “PT chão de fábrica”. Durante os 12 anos em que o Partido dos Trabalhadores governou São Carlos (2001-2012), muito se debateu sobre as características das lideranças da sigla no município. Os analistas destacavam o caráter “acadêmico” dos mandatos, já que tanto o ex-prefeito e ex-deputado federal Newton Lima, quanto seu sucessor , Oswaldo Barba, foram reitores da UFSCar.
Nos bastidores muitos petistas brincavam com o sucessor de Barba na reitoria da universidade federal, Targino de Araújo Filho, dizendo que ele seria o próximo prefeito depois que Barba se cumprisse seu segundo mandato, o que nunca aconteceu.
Exatamente dez anos depois de chegar ao poder no Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos, membros do chamado “PT Metalúrgico” ou “PT chão de fábrica”, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) vai participar pela primeira vez de uma eleição de prefeito, apontando o candidato ao cargo principal.
Em São Carlos, Erick foi o primeiro metalúrgico petista a concorrer à sucessão municipal. Desde a fundação do PT, nos anos 1980, todos os candidatos a prefeito tiveram alguma ligação direta com as universidades do município – a USP e a UFSCar, principalmente a última. Embora seja formado em Ciências Sociais pela UFSCar, é na área metalúrgica que Erick se destaca. Tanto que é diretor estadual da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo (FEM-CUT).
HISTÓRIA – No dia 12 de outubro 1996, o então prefeito Rubens Massucío Rubinho inaugurou a fábrica de motores da Volkswagen em São Carlos com apoio dos tucanos. Mal sabiam as forças de direita e de centro são-carlenses que eles estavam, naquele preciso momentos, plantando as sementes de uma vanguarda sindical e de uma nova tendência dentro do PT municipal.
A partir daí, o sindicalismo e a política de São Carlos iriam mudar, assim como também a luta dos trabalhadores. A VW marcou a cidade inflacionando os salários, para desgosto dos então dirigentes de outras empresas metalúrgicas da cidade, como Electrolux, Tecumseh, Engemasa, Latina e tantas outras. Nasceu, então, uma classe média operária e crítica.
No início dos anos 2000, numa articulação política bem feita, as maiores lideranças da CUT em São Carlos – Erick Silva, Ronaldo Lopes, Cidão Evangelista, Vanderlei Strano e outros fizeram uma composição com Antonio Cabeça Filho, Rosalino de Barros e a “velha guarda” do Sindicato dos Metalúrgicos. O grupo cutista foi fundamental para a histórica greve da Tecumseh realizada em julho de 2006, que fez a fabricante de compressores sofrer derrotas acachapantes na Justiça do Trabalho após demitir em massa em retaliação à paralisação. Dentro do sistema, eles aprenderam, cresceram e derrotaram o “velho sindicalismo” nas eleições de 2010.