PPL atuará na base aliada do governo
Uma imagem de Ernesto Che Guevara em destaque, fixada na parede sobre a mesa principal do recinto, salta aos olhos de quem adentra o gabinete, simples e pouco adornado, do vice-prefeito, Emerson Leal.
A imagem é icônica e explicativa, uma vez que Leal, ex-PMDB, rompeu com o partido em 2009 e partiu para uma dissidência de esquerda na própria legenda, apelidada de MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), que defendia ideais socialistas e homenageava Che Guevara, fazendo alusão à data de sua morte.
Na última semana, a dissidência ganhou, politicamente, rosto, após representantes do movimento protocolarem no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo as assinaturas de apoio certificadas pelos cartórios das diversas zonas eleitorais, pedindo a certidão estadual que atesta o total das assinaturas certificadas no Estado para a criação oficial do PPL (Partido Pátria Livre).
“Agora dependemos do TRE analisar os documentos, colocar em pauta numa sessão ordinária do tribunal e votar a favor ou contra a criação do partido. Contudo, como cumprimos com todas as determinações impostas no que diz respeito ao número de certidões em federações do Estado, estamos confiantes de que a o trâmite seja rápido e a aprovação ocorra o mais rápido possível”, afirma Leal, hoje, uma das lideranças do partido.
Desde a mudança da legislação de criação de partidos, sancionada em 2006 e regulamentada em 2010, o PPL é o primeiro partido à protocolar, junto ao TRE, um pedido de criação partidária que atenda à todos os requisitos impostos pelo tribunal.
“Oficialmente, o primeiro partido criado após a mudança na legislação foi o PSOL, da Heloísa Helena. Mas como, à época, a lei não estava regulamentada, um abaixo-assinado foi o suficiente para que o TRE oficializasse o partido. Agora, após a regulamentação em 2010, que estabeleceu regras mais rígidas aos aspirantes a partido, somos a primeira legenda a atender as regras”, explica Leal.
O PPL entra no cenário político atual como uma das peças da base aliada ao governo Dilma Rousseff, e consequentemente, das administrações petistas em todo o país, como em São Carlos.
“Desde que os dissidentes do PMDB começaram a articular a criação do PPL, em 2009, já havia um posicionamento voltado à base aliada. Partidaristas da legenda, inclusive, fizeram parte da equipe de campanha, que elegeu a presidente Dilma e da base governamental dela”, ressalta Leal.
Inicialmente, o partido pretende adotar uma postura de alianças, focando na eleição de vereadores nas próximas eleições municipais.
“O maior entrave que temos, no momento, é a pendência com o TRE. Dependemos da aprovação do tribunal para nos articularmos, junto às lideranças populares, para definirmos uma base boa de candidatos em todos os municípios que pretendemos abranger. Mas a tendência é de nos aliar à base governista, inicialmente”, comentou.
Uma dos pontos favoráveis ao PPL em São Carlos, de acordo com Leal, é o aumento do número de cadeiras na Câmara dos Vereadores. Para a próxima eleição, haverá 21 vagas, 8 a mais do que as 13 atuais.
“Isso facilita a eleição de um, dois, até três vereadores, devido ao coeficiente eleitoral. E essa é nossa meta. Além disso, vejo o aumento do número de cadeiras como benéfico ao trabalho da Câmara, pois aumenta o debate e não sobrecarrega os vereadores, que podem desempenhar seu papel com eficiência nas diferentes atribuições da Casa”, finaliza Leal, sob o olhar de Che Guevara.{jcomments on}