A vereadora Raquel Auxiliadora (PT) fez duras críticas à gestão do prefeito Neto Donato (PP) durante entrevista concedida nesta sexta-feira (04) ao programa Primeira Página no Ar, da São Carlos FM [107,9]. Ao fazer um balanço de seus primeiros sete meses na Câmara Municipal, ela abordou temas sensíveis como a taxa do lixo, a valorização dos servidores públicos, as viagens do chefe do Executivo e ventilou a possibilidade de disputar uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026.
Raquel avaliou que, embora os debates na Câmara tenham ganhado densidade, a Casa ainda se comporta, em sua visão, como uma “grande homologadora do Executivo”. Segundo ela, a base governista tem votado de forma automática nas propostas do prefeito, enquanto a oposição, formada por cinco vereadores, busca promover discussões mais aprofundadas.
“Não importa o que a gente argumente, a maioria vota sem questionar”, lamentou.
Entre as pautas mais contundentes da entrevista, a vereadora classificou a criação da taxa do lixo como “uma lambança”. Criticou a falta de debate com a população e apontou distorções na cobrança, como terrenos vazios sendo tarifados e imóveis recebendo múltiplos boletos.
“Se houvesse debate, a população entenderia. Mas taxar um terreno vazio, que não produz lixo, é injusto”, afirmou.
Ela também denunciou a redução do serviço de coleta seletiva, relatando que precisou transportar material reciclável em seu próprio veículo devido à ausência do serviço em seu bairro.
Atuante também no Sindispan (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Carlos), Raquel criticou o aumento no número de cargos de confiança e apontou desvalorização dos servidores concursados. Destacou ainda que as condições de trabalho têm se deteriorado em diversas áreas da administração.
“Quem atende a população são os servidores de carreira, não os cargos comissionados. As merendeiras, por exemplo, estão trabalhando em condições insalubres, com menos profissionais e mais trabalho”, denunciou.
A vereadora voltou a questionar as frequentes viagens do prefeito Neto Donato, cobrando maior transparência sobre custos e benefícios concretos. Segundo ela, um requerimento com esse objetivo não foi plenamente respondido pela Prefeitura.
“Se ele dissesse: ‘Viajei, gastei X e trouxe Y benefícios’, eu ficaria quieta. Mas ele esconde”, disse. Indagada sobre o que faria caso integrasse a base do governo, respondeu que só apoiaria projetos com diálogo prévio, citando como exemplo a gestão do ex-prefeito Newton Lima (PT).
Raquel confirmou que o Partido dos Trabalhadores de São Carlos terá candidaturas próprias a deputado estadual e federal em 2026. Questionada sobre sua eventual participação na disputa, afirmou apenas que está “à disposição do partido”.
Também comentou a recente tensão entre Newton Lima (PT) e Djalma Nery (PSOL), afirmando que “cada partido tem seu projeto” e que divergências são naturais no campo político.
Ao final da entrevista, a vereadora atribuiu nota 4 à administração municipal, justificando com críticas ao fechamento de restaurantes populares e unidades do CRAS, piora no transporte público, cortes em políticas sociais e aumento de cargos comissionados.
Como novidade, Raquel anunciou que seu mandato destinará 100% das emendas parlamentares por meio de votação popular ainda em 2024, com execução prevista para 2025.
“Não é dinheiro do vereador, é do orçamento público. Queremos acabar com o clientelismo”, afirmou.
Encerrando a entrevista, a vereadora reiterou seu compromisso com a fiscalização e a coerência política. “O povo me elegeu para isso. Não vou ficar quieta diante de irregularidades”, concluiu.
A íntegra da entrevista está disponível no facebook da São Carlos FM.