Azuaite Martins de França
A educação pública municipal de São Carlos carrega uma enorme potencialidade, reconhecida por todos nós que vivemos e pensamos a cidade. No entanto, persiste o desafio de integração com outras esferas educacionais para avançar na capacitação dos professores da educação básica.
Não basta criar rótulos do gênero “cidade que educa” se não tivermos coragem de encarar, com seriedade e ação, o que realmente precisa ser feito. É fundamental integrar governo municipal, universidades, escolas, pesquisadores, profissionais da rede. Integrar saberes, práticas, experiências. Integrar interesses que, historicamente, têm se mantido separados por barreiras invisíveis e por vezes, lamentavelmente, por ciúmes institucionais.
Tenho repetido ao longo dos anos: São Carlos só terá uma política educacional à altura de seu potencial quando romper definitivamente essas barreiras. Enquanto governo e universidades permanecerem em trincheiras distintas, nenhum programa de capacitação conseguirá se consolidar. Falta-nos ação coordenada, planejamento conjunto, disposição para construir políticas públicas duradouras e não apenas iniciativas pontuais. É preciso dar um passo adiante.
Porém, é evidente que capacitar professores não se resume a oferecer cursos. Exige valorização profissional contínua, melhores condições de trabalho e remuneração digna. Exige políticas públicas que reconheçam que o professor é o eixo de sustentação de todo o sistema. Sem isso, qualquer esforço formativo nasce fragilizado.
Não nos faltam exemplos inspiradores. O trabalho da professora Ivonne Mascarenhas permanece como referência luminosa. Uma cientista e educadora que se dedicou à educação básica com seriedade e humildade, colocando as mãos à obra, colaborando sem impor, construindo ao lado dos professores. Precisamos multiplicar esse espírito, transformá-lo em prática institucional.
São Carlos tem talento, tem instituições fortes, tem comunidade engajada. Falta-lhe, ainda, integração. Quando superarmos essa dificuldade histórica, quando governo e universidades caminharem juntos, quando a capacitação docente for tratada como política de Estado, aí sim poderemos dizer, sem hesitação, que somos verdadeiramente a cidade da educação.
