Quem não se comunica…
“Apenas 250 candidatos tiveram nota máxima na redação do Enem 2014”, afirmavam notícias publicadas em diversos sites e jornais de terça-feira. Isso dentro de um universo de nada mais nada menos que 6,19 milhões de candidatos que participaram do Exame.
De acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Educação, 55,7% dos candidatos receberam até 500 pontos, ou seja, metade da nota máxima. Já o número de pessoas que zeraram na redação foi 529.374.
O desempenho no Enem é pré-requisito único para disputa de 205,5 mil vagas cadastradas no Sisu, sistema de seleção de instituições públicas de todo o país. Ao todo, 248,4 mil redações foram anuladas pelos corretores, principalmente por motivos como fuga ao tema (217,3 mil) e cópia de texto motivador (13 mil).
Em outras palavras, a maior parte dos brasileiros que passaram pelo Ensino Fundamental e Médio, e que estão tentando uma vaga em um curso superior, não é capaz de escrever uma boa redação. Essa é mais uma prova cabal, inquestionável de que a educação brasileira é um fiasco (embora muitos “especialistas” dos governos já questionem), e de que a maioria dos jovens (e muitos jovens adultos) não tem, de fato, o preparo básico.
Esses resultados do Enem se somam, se acumulam, e ajudam a avolumar a montanha de pesquisas, dados, e resultados de testes internacionais que provam e comprovam que, em termos de educação, os brasileiros (em geral) só reprovam.
Seria o caso de questionarmos: sendo um direito constitucional, até que ponto a inépcia do sistema educacional brasileiro de formar as pessoas seria um caso de clara, rasgada, e ultrajante inconstitucionalidade? Ultrajante, sim, pois o péssimo nível educacional ergue-se como barreira; barreira para o crescimento dos indivíduos, e para o desenvolvimento do Brasil, que, se já sofre de falta de mão de obra minimamente qualificada, o que dirá da maximamente qualificada.
Como dizia o Chacrinha, quem não se comunica se trumbica. E parece que os brasileiros vão continuar se trumbicando, segundo mostra o Enem.