Quem se responsabiliza?
No dia 1 de agosto de 2014, publicamos neste espaço o texto “Moradores de rua e políticas públicas”. Nele questionávamos quem são as pessoas que se escondem por trás de roupas sujas e rasgadas, embaixo de pontes e construções abandonadas, ao relento, sob folhas de papelão e jornal e que muitas vezes são aquecidos apenas pelo fogo?
Apontamos os preconceitos que essas pessoas sofrem, e alguns fatos que poderiam tê-las levado a essa situação: abandono pela família, violência doméstica, problema com álcool e drogas. Apontamos também o fato de que a situação em que vivem não anula suas garantias constitucionais como cidadãos brasileiros.
Pois bem, quando escrevemos aquele texto, a cidade vivia uma situação em que muito moradores de rua se espalhavam pela cidade; muitas vezes causando transtornos a outros cidadãos. E esta situação das duas uma: ou continuou, ou ressurgiu, e reportagem do Primeira Página desta esdição mostra isso.
O drama desta situação se desdobra em várias facetas, pois é um drama não apenas do indivíduo que vive em situação de rua, mas também é uma questão que afeta literalmente a todos: pedestres e motoristas que passam pelos locais onde eles estão, e moradores dessas regiões. A situação se torna ainda mais complexa quando temos notícia de que alguns deles optaram por viver na rua, e dela não querem sair.
Mas o fato é que, passados mais de 4 meses, o problema persiste – se é que algum dia foi resolvido, e ele precisa de uma solução. Diante de um problema grave como este, surge então outro drama: quem é o responsável pela sua solução? O poder público? A sociedade organizada? Tanto um quanto outro?
A situação precária da vida dos moradores revela, pois, um problema de difícil, mas necessária e pronta, resposta.
