COLUNA

TORPEDOS – 12/11/2025

DOUTORA DOS CANAVIAIS  

A professora doutora Maria Alice Zacarias contou no Primeira Página no Ar uma história de vida que daria roteiro de filme: saiu da roça, cortou cana, enfrentou o preconceito e hoje é uma das principais vozes da alfabetização de jovens e adultos no Brasil. Quando diziam que ela seria “doutora dos canaviais”, mal sabiam que acertaram — só esqueceram de prever o título acadêmico.

 

SEM LETRAS, SEM DIREITOS  

Maria Alice deu o alerta: em São Carlos, cerca de 5 mil pessoas ainda não são alfabetizadas. É como se um bairro inteiro vivesse à margem do conhecimento. O número assusta — e mostra que a luta pela educação de base é tão urgente quanto qualquer grande obra pública.

 

APRENDER NÃO TEM IDADE  

“Mesmo com 80 ou 100 anos, é possível estudar”, disse Maria Alice, emocionada. A frase virou lema no estúdio: se o tempo vai passar de qualquer forma, que passe dentro da sala de aula. Fica a dica para quem anda dizendo que “já é tarde pra voltar a estudar” — o relógio da educação nunca atrasa.

 

DO PRECONCEITO À CONQUISTA  

A professora também lembrou que o racismo segue presente — inclusive na universidade. “Sou uma mulher negra, e o tom da pele a gente não muda.” Em tempos de discursos prontos e pouco compromisso, ouvir alguém que fala com a voz da experiência é aula magna. E sem PowerPoint.

 

EJA É RESISTÊNCIA  

Com 32 núcleos do Programa Brasil Alfabetizado e do MOVA, São Carlos mostra que o EJA é mais que ensino — é resistência social. Maria Alice quer zerar o analfabetismo no município e já prepara a próxima Expo EJA, prevista para 2026 em Limeira. Se depender dela, ninguém fica de fora da lição.

 

CARGO DE CONFIANÇA  

Na sessão de ontem, o vereador Malabim (PRD) subiu o tom e mandou o recado com endereço certo: cargo de confiança ganha bem — e tem obrigação de atender telefone da população a qualquer hora. “Não tem horário pra isso! Se não quiser atender, sai da vida pública e vai trabalhar na Tecumseh!”, disparou. O comentário, meio desabafo, meio bronca, ecoou forte entre os colegas e servidores que acompanhavam a sessão. No plenário, os nobres colegas concordaram com o Fiote!

 

LEI NA PONTA DA LÍNGUA  

Com a Constituição em uma mão e o microfone na outra, Bira Teixeira recitou a Lei de Improbidade Administrativa para cobrar do Executivo mais atenção aos pedidos do Legislativo. “Setenta e sete requerimentos sem resposta! E o prefeito é bem conhecedor da lei, hein?!”, ironizou. Bira lembrou que já se passaram mais de 15 dias sem retorno, como manda o regimento. O recado foi direto — e, ao que parece, chegou ao quinto andar.

 

MICROFONE LIVRE (OU NEM TANTO)  

Chamou atenção o baixo número de vereadores que utilizaram o expediente falado — aquele momento em que o microfone costuma pegar fogo. A maioria preferiu o silêncio estratégico. Teve até quem quase pedisse a palavra duas vezes, só pra compensar a falta de discurso dos colegas. Clima de fim de ano? Talvez. Mas ficou no ar a impressão de que o “tempo de fala” virou “tempo de espera”.

 

VETO DERRUBADO  

Em meio à calmaria, um consenso raro: a Câmara derrubou por unanimidade o veto do prefeito ao projeto de Bira Teixeira (Podemos), que reconhece a Associação de Surdos de São Carlos “Jurandyra Fehr” como entidade de utilidade pública. Um gesto simbólico — e justo — com uma instituição que há anos dá voz (e vez) à inclusão na cidade. Pelo menos nesse tema, ninguém fingiu que não ouviu.

 

MERA COINCIDÊNCIA  

A Caravana da Coca-Cola e o pagamento do 13º salário vivem o mesmo drama: ambos confirmados, mas sem data definida. Enquanto isso, a população segue ansiosa, olhando para o calendário e esperando o “Ho Ho Ho” do Papai Noel — e do holerite.

 

EMPREGOS  

O Estado de São Paulo gerou 486 mil empregos com carteira assinada nos primeiros nove meses de 2025, segundo a Fundação Seade e o Caged. São Carlos aparece em 35º lugar, com 239 novas vagas. Pelo ritmo, dá pra dizer que o mercado de trabalho está contratando — só falta avisar onde.

 

COMPARAÇÃO 

O Tribunal de Justiça de São Paulo inaugurou em Piracicaba a Vara Regional das Garantias, a 7ª Vara Cível e três Unidades de Processamento Judicial (UPJs). Enquanto isso, São Carlos segue aguardando novidades. Parece que a balança da Justiça anda pesando mais pro lado dos vizinhos.

 

NOME DE PESO

A Câmara de Ibaté aprovou por unanimidade o projeto que batiza a Praça dos Três Poderes com o nome de Zé Parrella, o homem que, literalmente, construiu o espaço e reescreveu a história política da cidade. O projeto, assinado pelos vereadores Gilmar Santos e Ivani Almeida, agora segue para sanção do prefeito Ronaldo Venturi. A homenagem é mais que simbólica — é o reconhecimento a quem fez de Ibaté um exemplo de gestão, coragem e resultados.

 

NOITE DE EMOÇÃO E MEMÓRIA

A sessão foi daquelas de encher os olhos. Familiares, amigos e admiradores de Zé Parrella lotaram o plenário em um clima de emoção e gratidão. Entre abraços, lágrimas e lembranças, ficou claro que o legado do ex-prefeito vai muito além da política — é uma história de trabalho, honestidade e amor pela cidade.

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