Nos últimos anos, dois fenômenos vêm ocorrendo de forma conjunta. Por um lado, há a popularização do conhecimento sobre a saúde mental, sua importância e maior busca de atendimento por pessoas em sofrimento. Do outro, há o aumento incontrolável de conteúdos relacionados aos temas nas redes de forma alarmista, que usa o diagnóstico para normalizar questões sérias de sofrimento e sem nenhum embasamento científico ou teórico. São as “Fake News” (notícias falsas) do campo da saúde.
Apesar de a internet ser um espaço de fácil acesso e permitir o compartilhamento rápido de experiências entre os usuários, é importante a atenção sobre a procedência e forma de compartilhamento. Em algumas plataformas de vídeos curtos, temas como o TDAH ou autismo, estão constantemente entre os 10 mais buscados mundialmente.
No entanto, nenhum desses tipos de plataformas foi projetado com a proposta de psicoeducação ou de monitoramento sério e individualizado sobre o conteúdo compartilhado. Assim, abre-se espaço para que qualquer pessoa compartilhe sobre qualquer coisa. E o conteúdo ou vídeo ganha credibilidade (mesmo com conteúdo incorreto ou enganoso) simplesmente pelo número de visualizações.
Dentre os conteúdos mais compartilhados nesse campo das informações sem verificação ou falsas estão os da neurodivergências, tais quais o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), transtornos ansiosos, depressivos e suicídios.
Recentemente, pesquisas em Psicologia (como a de Karasavva, Miller e Groves, et al., 2025) vêm mostrando que a tendência das pessoas de acreditar nesses conteúdos e se autodiagnosticar tem impactos reais e diários. Como: aqueles que acreditam ter os transtornos (mas não os têm) e se medicam sem necessidade; os que se autodiagnosticaram de forma errada e atrasaram os reais diagnósticos e tratamento em meses ou anos (sofrendo por todo esse tempo); e quem devido às informações falsas, desistem de buscar ajuda e sofrem em silêncio por toda uma vida (levando até a recorrer ao suicídio), com algo que poderia ter um suporte e melhora.
Então, o que fazer?
Pensar que não é sobre não discutir, sobre não se informar, sobre não nomear ou compartilhar sobre um sofrimento. Muito pelo contrário. É na verdade, saber onde e quando fazer isso de uma forma mais adequada, para que isso tudo não seja usado de forma midiática contra você, leitor.
Em razão disto, é de suma importância que não só a procedência desses conteúdos de internet venha de um lugar confiável como de um especialista em saúde mental (um psicólogo). Mas também, que o diagnóstico correto e tratamento psicoterapêutico possa ser realizado por alguém competente, com formação científica e contextual.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
Redes: @psicologo_matheuswada
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