NOVEMBRO AZUL

Médico Cláudio Simas alerta sobre a importância da prevenção e quebra de tabus na saúde do homem

Foto: Paulo Melo/São Carlos FM

PAULO MELO
São Carlos FM

Em entrevista ao programa Primeira Página no Ar, da São Carlos FM 107.9, na manhã desta segunda-feira (03), o médico Dr. Cláudio Simas destacou a importância da campanha Novembro Azul, que tem como principal objetivo conscientizar os homens sobre a necessidade de cuidar da própria saúde, vencendo o preconceito e o medo que ainda afastam muitos deles dos consultórios médicos.

O médico explicou que a campanha nasceu em 2003, na Austrália, quando um grupo de amigos decidiu deixar o bigode crescer no mês de novembro para chamar a atenção para a saúde masculina. “Eles perceberam que existia o Outubro Rosa, voltado às mulheres, mas nada voltado aos homens. O símbolo do Novembro Azul é justamente o bigode, criado para estimular os homens a se cuidarem mais, porque muitos morriam por falta de informação e por preconceito”, contou.

No Brasil, a campanha chegou em 2008, com apoio da Sociedade Brasileira de Urologia e de diversas instituições de saúde. Inicialmente voltada apenas à prevenção do câncer de próstata, hoje o movimento tem um conceito mais amplo, abordando o cuidado integral com a saúde do homem. “O Ministério da Saúde percebeu que o homem não é só próstata. Ele morre de infarto, de complicações do diabetes, de doenças da tireoide. Então, o Novembro Azul agora fala de saúde do homem em geral, de corpo e mente”, explicou o médico.

Segundo o Dr. Simas, o câncer de próstata é o segundo tipo que mais mata homens no mundo, atrás apenas do câncer de pele. “No Brasil, morrem cerca de 48 homens por dia por causa dessa doença. Isso dá mais de 375 mil mortes por ano no mundo. É muita gente. O mais grave é que muitos casos poderiam ser evitados ou tratados precocemente, se houvesse mais cuidado e menos vergonha de procurar o médico”, afirmou.

Ele destacou ainda que o diagnóstico precoce é determinante. “Quando detectado no início, o câncer de próstata tem 90% de chances de cura. Por isso, a recomendação é começar os exames a partir dos 45 anos, ou aos 40, se houver histórico familiar. Infelizmente, atendo pacientes com mais de 50 anos que nunca fizeram o rastreamento. Isso precisa mudar”, alertou.

Sintomas e exames

Entre os sintomas que merecem atenção estão dificuldade para urinar, jato urinário fraco, dor ao urinar, sensação de bexiga cheia mesmo após urinar, presença de sangue na urina ou no esperma e diminuição do fluxo. “Esses sinais podem indicar uma inflamação, uma hiperplasia benigna ou até algo mais sério. O importante é não ignorar e procurar um médico”, reforçou o especialista.

Sobre os exames, o médico explicou que há duas etapas principais: o exame de sangue (PSA) e o toque retal. “O PSA mede a quantidade de antígeno prostático no sangue. Se ele vier alterado, fazemos o exame de toque para avaliar o tamanho e a consistência da próstata. É um exame rápido, indolor e salva vidas. Não tem nada de constrangimento, é apenas um gesto de cuidado com a própria saúde”, enfatizou.

Dr. Simas também destacou que, além desses exames, o SUS oferece ultrassonografia transretal e ressonância magnética multiparamétrica, considerados padrão ouro no diagnóstico. “São exames precisos e disponíveis na rede pública de São Carlos. Quando necessário, o médico solicita para confirmar alterações ou detectar nódulos mais profundos”, explicou.

Prevenção e estilo de vida

O médico ressaltou que manter hábitos saudáveis é essencial para a prevenção. “Exames periódicos, alimentação equilibrada, prática de atividades físicas, sono de qualidade e hidratação são fundamentais. O corpo humano trabalha bem quando há equilíbrio. O álcool e o cigarro são grandes vilões — o ideal seria evitar totalmente o consumo”, alertou.

Segundo ele, o estresse também influencia, pois acelera processos inflamatórios e enfraquece o sistema imunológico. “O câncer é o resultado de células desordenadas. E o estresse, a poluição, a obesidade e a falta de água favorecem esse desequilíbrio”, acrescentou.

Tratamentos e perspectivas

Quando diagnosticado precocemente, o tratamento costuma ser simples e eficaz. “Nos estágios iniciais, a radioterapia e a quimioterapia dão excelentes resultados. Nos casos mais avançados, pode ser necessária a cirurgia para retirada da próstata. Mas quanto mais cedo for identificado, maior a chance de preservar a qualidade de vida e a função sexual do paciente”, explicou.

O médico destacou que o tratamento é oferecido integralmente pelo SUS, com medicamentos e acompanhamento gratuito. “Temos na rede pública todas as medicações necessárias, como a doxazosina e a finasterida, usadas para tratar a hiperplasia benigna. O importante é o acompanhamento anual”, disse.

Quebrar o tabu e se cuidar

Para o Dr. Cláudio Simas, o maior desafio ainda é o preconceito. “Muitos homens não procuram o médico por vergonha, por machismo, ou porque acham que estão bem. É preciso mudar essa mentalidade. Cuidar-se é um ato de amor próprio e com quem você ama. Tem gente que depende de você em casa. E tudo que é diagnosticado cedo tem grandes chances de cura”, finalizou.

Ao encerrar a entrevista, o médico deixou uma mensagem direta aos ouvintes: “Homens, cuidem-se. Façam seus exames, conversem com o médico e enfrentem o medo. A saúde é o nosso bem mais precioso. Novembro Azul é o lembrete de que ser forte é também ter coragem de se cuidar.”

Ouça a entrevista na íntegra:

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