Dólar tem nova alta com Teich e exterior e vai a R$ 5,83 –
O pedido de demissão do
ministro da Saúde, Nelson Teich, e a nova rodada de indicadores ruins,
principalmente nos Estados Unidos, que registrou em abril a pior queda da
história nas vendas do varejo, provocaram um dia de volatilidade no câmbio. O
dólar acabou fechando a última sexta-feira (15) com valorização e acumulou alta
de 1,70% na semana, terminando o dia em R$ 5,8390.
Pela manhã, a moeda americana caía e chegou, na
mínima, a recuar para R$ 5,76. Com a saída de Teich, que aumentou a já grande
incerteza política no País, o dólar passou a subir. No mês, a moeda acumula
valorização de 7,36% e no ano, de 45%, com o real registrando o pior desempenho
internacional ante a moeda americana nos dois períodos.
Um dos temores dos agentes é que o crescente
risco político dificulte ainda mais a retomada da fraca atividade econômica.
Hoje, o Banco Central divulgou que o Índice de Atividade do Banco Central
(IBC-Br) teve queda 5,90% no mês passado, quando os efeitos da covid-19 sobre a
economia se intensificaram. .
“É difícil ver o risco político diminuindo
no curto prazo”, avalia o economista-chefe para mercados emergentes da
Capital Economics, William Jackson, ao falar da saída de Teich. Para ele, o
ministro sai em meio à visão “amplamente criticada” de Bolsonaro
sobre como lidar com a pandemia do coronavírus.
Neste ambiente, Jakcson ressalta que os ativos
locais acabam embutindo um prêmio pela turbulência política. Além da saída de
Teich, continua a causar cautela nas mesas de operação o vídeo da reunião
ministerial do dia 22 de abril. “Preocupações sobre a crise política não
param de crescer”, acrescenta Jackson. A Capital Economics projeta queda
de 5,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano.
Para a consultoria americana de risco político
Eurasia, a saída de Teich vai aumentar a percepção na opinião pública de má
gestão do Planalto da crise do coronavírus. Do ponto de vista político, os
níveis de aprovação do governo podem ser muito mais afetados pelo colapso do
sistema de saúde do que pela investigação de interferência política na Polícia
Federal, afirmam os analistas de Brasil da consultoria. “A demissão de
Teich reforça nossa visão de riscos crescentes vindos da fraca resposta do
governo à pandemia.”
No exterior, o dólar subiu ante a maioria dos
emergentes, após dados fracos do varejo e da produção industrial americana em
abril, além de preocupações com as relações entre a Casa Branca e Pequim e
ainda o avanço da pandemia de coronavírus no país, que segundo o jornal The
Wall Street Journal já é uma das principais causas de morte por lá. “A
esperança de uma recuperação em V da economia americana está diminuindo”,
afirmam os economistas da LPL Financial. As vendas no varejo caíram 16,4% em
abril, enquanto Wall Street esperava recuo de 12%.