Pandemia limitou campanha e ajudou na reeleição de prefeitos
Na Região Central Paulista, somente Nanado, de Ribeirão Bonito não conseguiu a reeleição, perdendo pleito por 32 votos
O avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil levou a mudanças estruturais no calendário das eleições municipais de 2020 e ajudou muito os prefeitos da região a se reelegerem. Na Região Central, somente Nanado (Ribeirão Bonito) não conseguiu o segundo mandato. Foram reeleitos Airton Garcia (São Carlos), Rômulo Rippa (Porto Ferreira) Becão Reschini (Descalvado), Zé Parrella (Ibaté) e Edinho Silva (Araraquara), entre outros. Em Itirapina, Zé Maria (PMDB) já completava oito anos de poder . Em Santa Rita do Passa Quatro o prefeito Leandro Pilha (PSDB) também já havia sido reeleito.
Diante da pandemia , o primeiro turno passou de 4 de outubro para 15 de novembro. Nas cidades em que houver segundo, o pleito foi adiado para 29 de novembro.
O impacto da crise sanitária, no entanto, vai além das datas. As medidas necessárias para diminuir o contágio do vírus, como a proibição de aglomerações afetaram um processo que normalmente se baseia em ações presenciais. Foi o caso de comícios, atos públicos e a campanha corpo a corpo, nos quais abunda o tipo de contato físico que hoje deve ser evitado, como apertos de mão e abraços.
Desde a realização das convenções, salvo exceções, as siglas priorizaram atividades virtuais para evitar aglomerações. Os partidos que promoveram ações presenciais tentaram restringir a presença de filiados ao mínimo possível.
Essa era uma das recomendações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para 2020. O tribunal tem feito uma série de orientações sanitárias para partidos e candidatos sobre o pleito que elegeu prefeitos e vereadores.
Eleições municipais são pautadas por problemas locais e, nas cidades, o avanço da doença restringiu a circulação de pessoas, interrompeu aulas, afetou a economia e gerou desemprego.
Em paralelo, enquanto adotava um remédio sem eficácia comprovada como principal bandeira contra a covid-19, o presidente Jair Bolsonaro criticou gestores municipais e estaduais que adotaram medidas restritivas contra a doença para tentar conter o contágio, trazendo a estratégia de contenção da crise sanitária para o centro do debate político em 2020.
George Avelino, professor da FGV Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo), onde coordena o Cepesp (Centro de Política e Economia do Setor Público) explica que como os que precisam mais de campanhas eleitorais são os desafiantes aos atuais detentores de cargos, ao restringir as estratégias eleitorais corpo a corpo, a pandemia deve favorecer os que já estão no poder, os incumbentes. “Em outras palavras, devemos observar taxas de reeleição maiores que as anteriores”.