Psicologia em foco: Violência e ataques nas escolas
Os ataques as escolas que vêm acontecendo assustam a todos. E é necessário reconhecermos a existência desse medo.
Os ataques as escolas que vêm acontecendo assustam a todos. E é necessário reconhecermos a existência desse medo. Não podemos apenas fingir que ele não existe e ignorarmos esse sentimento até que um novo ataque aconteça. Por isso, o acolhimento é importante.
Algumas formas de acolhimento que podem ocorrer nas escolas são: as rodas de conversa e a criação de espaços de convivência. Já fora das escolas é possível o encaminhamento para a terapia. Em todos os casos, essas estratégias podem ser aplicadas a crianças, adolescentes, professores e até mesmo com as famílias.
As rodas de conversa podem proporcionar espaços seguros e acolhedores para que os participantes compartilhem suas angústias, ansiedades e medos. Nessas, podem ser discutidos temas como: bullying; diferenças; notícias falsas; preconceitos; e a importância de escutar o outro.
Já, ao proporcionar espaços de convivência, podem ser produzidos materiais que possibilitem registros do das expressões do que vem acontecendo. Como desenhos, pinturas ou escritos. Materiais que preencham um espaço físico e permitam que outros percebam que não estão sozinhos nesse momento de tensão e medo.
Ao falarmos sobre a terapia, falamos de um lugar seguro, com um profissional especializado, o psicólogo, que dedicará um tempo particular ao paciente para ajudá-lo a desenvolver as habilidades socioemocionais necessárias para lidar com esse momento tão difícil. Além de poder melhor lidar com possíveis traumas, medos e ansiedades.
Para guiar essas discussões nas escolas, porém, é preciso que o corpo docente também esteja preparado. E aí entra o papel do psicólogo. Seja para conduzir essas dinâmicas como as rodas de conversa, para conduzir palestras, para ajudar a montar os espaços e na produção de materiais, ou para treinar os docentes.
Além disso, quando falamos dos recentes ataques, precisamos falar também dos fóruns online. Esses são de fácil acesso aos jovens, principalmente com acessos irrestritos desses as telas. Além disso, os fóruns não são regulados. E chegam até a monetizar discursos de ódio, tutorias de como cometer massacres, de como se automutilar e vídeos de ataques já realizados.
Vale também lembrar que o fenômeno da “cultura do medo” não é recente. Porém, nos últimos anos, a juventude dispõe de um coquetel de violências: com o acesso desregulado de crianças e adolescentes as telas, superexposição as “fake news” (notícias falsas), aumento da circulação de fóruns extremistas, e facilidade da população ao acesso as armas de fogo (que acaba nas mãos de crianças e adolescentes). Resultando na criação de uma leva de jovens que encontram na violência desregulada o seu lugar de pertencimento.
É preciso mostrar que não se combate o medo e sensação de não pertencer com violência pura. A “convivência com outro” precisa se tornar um tema de discussão nas escolas. Dessa forma, criando uma cultura de cuidado nas escolas, as tornando locais menos violentos e mais democráticos.
Matheus Wada Santos
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