A dor de saber
“A verdade dói”, diz o ditado popular. Mas a sabedoria cristã afirma que “a verdade nos libertará”. E muitas vezes nos encontramos em meio ao dilema que nos obriga a escolher entre a dor e a liberdade de alguma verdade. E, claro, “um homem pode ocasionalmente tropeçar na verdade, mas na maior parte das vezes ele se recupera e vai em frente”, como afirmou o escritor e político inglês, Winston Churchill.
Mas claro, também, que algumas vezes não nos recuperamos, e é quando o “novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações”, tal como afirmou o escritor austríaco, Hugo von Hofmannsthal. E este mar de investigações, delações, prisões, que nos tem exposto a onda atrás de onda de terríveis verdades (ou ao menos de terríveis probabilidades) sobre nossa vida social e política, claro, deixa marcas profundas, dissoluções arrasadoras de ilusões, apoios, alianças, crenças. E como serão essas novas integrações? Como lidaremos com a dor do nosso conhecimento?
O falecido jornalista Ivan Lessa costumava dizer que, de quinze em quinze minutos, o brasileiro se esquece do que aconteceu nos últimos quinze. E, de fato, a nossa falta de cultivo histórico, a nossa falta de atenção profunda com relação ao nosso passado pode tornar impossível novas integrações, nos levando a tomar novamente caminhos já há muito caminhados.
No poema “Torso arcaico de Apollo”, o poeta Rainer Maria Rilke diz: “Força é mudares de vida”. E o Brasil precisa dessa força.
