A possibilidade de uma nova política
A elite política e intelectual do Brasil precisa mudar. Mudar para melhor. É isso ou, infelizmente, o país estará condenado ao caos, à violência, à pobreza nas próximas décadas. E estamos vivendo um momento propício para mudanças, pois, pela primeira vez, estamos conhecendo e encarando a nossa corrupção moral de forma escancarada e crua.
E, por causa dessas revelações, tem aumento a nossa desconfiança e, consequentemente, o nosso pessimismo. Alain Peyrefitte, pensador e político francês, afirmava que toda política diga de nome exige confiança daqueles que a dirigem. E não é preciso dizer que, no Brasil raramente se faz política diga desse nome.
“Defino a política como a mobilização das energias individuais em torno de um objetivo comum. Toda política digna deste nome supõe uma confiança naqueles que a dirigem. Uma política internacional não merece o nome de política se não visa a uma forma de cooperação em vista de um objetivo comum e proveitoso para todos – o que não exclui de maneira alguma uma sã concorrência no manejo dos meios de atingi-lo. De outra maneira, a política não é senão uma guerra larvada, e a guerra, segundo o dito de Clausewitz, a continuação da política por outros meios – continuação inevitável e mesmo, em si, necessária do ponto de vista de Schmitt”, afirma o pensador.
Ele diz ainda que “o verdadeiro liame político é o da confiança-esperança, a construção de uma obra comum, o desenvolvimento de um empreendimento concertado, no qual os atores têm um sentimento de ganhar, e não somente de salvar a pele”. Quão fundo essa expressão “salvar a pele” cala no peito de nossos políticos.
No Brasil, no entanto, essa concepção de política perdeu-se e, em seu lugar, estruturou-se uma visão pervertida do que seja a ocupação e a atuação desse poder, tão necessário e ao mesmo tempo tão perigoso. Os desgovernos Dilma-Temer revelam as consequências nefastas que a falta de confiança da população provoca. Ou mudamos ou nos enterramos.