Apresentador constrangido
O âncora do jornalão estava constrangido ao dar a noticia: o desemprego no Brasil é o menor desde agosto de 2002.
Tradução 1: o Brasil tem um dos menores desempregos do planeta. Tradução 2: o desemprego não para de cair desde que o PT assumiu a presidência da república.
Até os apresentadores percebiam que isso é contraditório com a campanha desenfreada que oposição e grande imprensa martelam todos os dias para nos convencer de que nunca vivemos tão mal como hoje. Apoiados nos “especialistas do mercado” que, ao contrario de mim ou você, leitor, não vivem de salário, mas das comissões dos juros que seus clientes recebem.
Ele só não explicou que o mundo ainda está na ressaca da maior crise do capitalismo internacional desde 1929. E desde então há duas maneiras básicas de enfrentar as crises.
A primeira foi proposta por um economista chamado Keynes: o Estado deve investir pesado em obras de infraestrutura, em geração de empregos e aumento do crédito. Essa estratégia transformou os Estados Unidos, pós 30, na superpotência econômica do século XX. E garantiu que o Brasil passasse pela crise atual sem desemprego e com aumento real de salários.
A outra é que os economistas da oposição estão propondo: redução do Estado, menos impostos para os ricos, juros mais altos, corte de aposentadoria e salários. Essa estratégia foi adotada pela Europa desde 2008 e o resultado está aí: desemprego de até 25% em países que até anteontem se consideravam ricos, como a Espanha e a Itália, ou remediados, como a Irlanda, a Grécia e Portugal.
Daqui a uma semana o Brasil vai escolher.
(*) É diretor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos
