Bumba Meu Boi do Maranhão é eleito Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
Tradicional
celebração da Região Nordeste do Brasil, o Bumba Meu Boi do Maranhão foi
escolhido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em reunião
realizada em Bogotá, na Colômbia, na última terça-feira, 10.
Reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil em 2011, o Bumba
Meu Boi do Maranhão é considerado um Complexo Cultural por congregar diversos
bens associados em uma manifestação. A série de eventos apresenta performances
dramáticas, musicais e coreográficas, mas também elementos materiais, como
artesanatos, bordados do couro do boi e indumentárias dos personagens,
instrumentos musicais, entre outros.
Enraizado no catolicismo popular, o Bumba Meu
Boi envolve a devoção aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal, mas
os cultos religiosos afro-brasileiros do Maranhão, como o Tambor de Mina e o
Terecô, também estão presentes na celebração. Segundo a tradição, o sincretismo
ocorre entre os santos juninos e os orixás, voduns e encantados que requisitam
um boi como obrigação espiritual.
Considerado a mais importante manifestação da
cultura popular do Maranhão, o Bumba Meu Boi tem seu ciclo festivo dividido em
quatro etapas: os ensaios, o batismo, as apresentações públicas ou brincadas, e
a morte. É vivenciado pelos brincantes ao longo de todo o ano.
A lenda, estima-se, vem do século 18. A versão
mais comum dá conta de que Catirina, grávida, sentiu desejo de comer a língua
do boi mais precioso da fazenda onde trabalhava. Para satisfazer as vontades da
amada, Pai Chico matou o boi – causando a ira de seu patrão. Mas, com ajuda de seres
mitológicos, o boi ressuscitou, deixando todos felizes.
Para a presidente do Boi de Maracanã – um dos
mais tradicionais grupos do Estado -, Maria José Soares, é um privilégio para a
cultura ser selecionada pela Unesco, segundo um comunicado do Iphan. O grupo
possui mais de 1 mil pessoas envolvidas na manutenção da cultura popular.
Também em nota, emitida antes da escolha, o
ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, destacou que a análise da Unesco
reforça o potencial do turismo cultural do Brasil.
“Não à toa, fomos eleito pelo Fórum
Econômico Mundial como o nono país em atrativos culturais, o que nos faz ter a
certeza de que a valorização de nossa identidade cultural será fundamental para
levar o setor a um novo patamar”, disse.
Para o secretário Especial da Cultura, Roberto
Alvim, o reconhecimento é de extrema importância pois além de garantir maior
promoção do bem no País e no exterior, vem acompanhado de um trabalho de
valorização e proteção.
“No dossiê construído para a candidatura
estão previstas ações de salvaguarda que terão que ser cumpridas para garantir
que essa expressão cultural não se perca de sua essência”, afirmou, também
em nota.
O Complexo Cultural do Bumba Meu Boi é o sexto
bem brasileiro a integrar a lista internacional. Antes, foram escolhidos:
A Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica
Wajãpi (2003);
O Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005);
O Frevo: expressão artística do Carnaval de
Recife (2012);
O Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013); e
A Roda de Capoeira (2014).
Eram 429 expressões culturais inscritas na Lista
Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco em 2019.