Câmara adia votação de investigação da Petrobras
Por falta de quórum mínimo necessário nesta quarta-feira, 26, a poucos dias do Carnaval, a Câmara encerrou sessão sem votar requerimento de criação de comissão externa para investigar denúncias de pagamento de propina à Petrobras por empresa estrangeira.
O regimento da Casa exige que pelo menos 257 deputados tenham marcado presença no painel para o início de qualquer votação. E, quando há matérias polêmicas, caso deste requerimento, costuma-se esperar que o quórum atinja uma folga considerável para evitar distorções no resultado. No momento do encerramento, pouco antes das 14h, o quórum era de 252 deputados.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou que o requerimento será o primeiro item da pauta no dia 11 de março.
Por sua vez, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), afirmou que o partido não irá permitir a votação de qualquer outra matéria enquanto este requerimento, apresentado pela oposição, não for votado.
“Na semana do dia 11 ou vota isso ou não vota nada”, disse o líder, acrescentando que o quórum baixo era “previsível”.
“Tem coisa nesta Casa que a gente já está habituado a conhecer, a chance de votar alguma matéria hoje é zero”, afirmou, referindo-se à proximidade do Carnaval, e negando ter havido alguma mobilização do governo para esvaziar a Câmara.
O PMDB comanda o bloco informal de insatisfeitos formado na sua maioria por partidos aliados, que reclamam da articulação com o governo e da não liberação de emendas parlamentares, principalmente as remanescentes do ano passado.
O clima de descontentamento sofre ainda os sintomas da proximidade do período eleitoral, além das mudanças ministeriais que a presidente Dilma Rousseff tem promovido para acomodar a base. A pauta trancada na Casa desde o ano passado também tem irritado os parlamentares.
Na terça-feira, Henrique Alves encerrou a sessão de votação do requerimento, após manobras regimentais do PT para retardar a votação. A criação da comissão externa não conta com a simpatia do governo, mas foi colocada em pauta e recebe o apoio do chamado centrão, bloco informal constituído na maioria por partidos aliados, para pressionar o governo em votações e também em demandas dos parlamentares.
Na semana passada, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse a jornalistas que a estatal abriu auditoria interna para apurar denúncias envolvendo a holandesa SBM Offshore, investigada por suposto pagamento de suborno para obter contratos em países em que mantém negócios. A suspeita é de que funcionários da Petrobras tenham recebido propina da empresa holandesa.