Comandante de militares que atiraram em família diz que catador disparou antes
O
tenente do Exército, Ítalo Nunes, que comandava os militares que atiraram 257
vezes em direção ao carro onde estava o músico Evaldo Rosa dos Santos, em
abril, acusou o catador Luciano Macedo, também morto na ação, de estar armado e
praticando assaltos naquele dia. Ainda segundo Nunes, o catador teria atirado
contra os soldados de sua tropa, que já estava “assustada” devido à
ação de traficantes horas antes.
O militar fez a acusação em depoimento à Justiça
Militar nesta segunda-feira, 16. A declaração do tenente, contudo, diverge do
trabalho dos peritos encarregados do caso. Eles não encontraram nenhuma arma no
local do crime. Confrontado com esses elementos, Nunes disse que a arma teria
sido recolhida por outra pessoa e levada para a favela do Muquiço.
A família de Evaldo Rosa sempre declarou que o
catador Luciano Macedo tentou ajudar o músico. Ele teria sido atingido ao
tentar ajudar os ocupantes do veículo.
A ação que terminou com dois mortos aconteceu em
sete de abril, quando Evaldo dirigia um veículo Siena em Guadalupe, na zona
norte do Rio. Ele estava com familiares e voltava de um chá de bebê quando o
carro foi atingido por 77 disparos de fuzil – a perícia apontou que 257 tiros
foram efetuados. Ao todo, 12 militares que atuaram na ação respondem pela ação.