“Jornadeiros” da USP analisarão saúde da população de Santa Cruz
Durante 20 dias, de quatro a 24 de janeiro, Santa Cruz da Esperança recebe a visita da Jornada Científica dos Acadêmicos de Farmácia e Bioquímica da Universidade de São Paulo – USP. Ao todo são cerca de 50 jovens estudantes que, em contato direto com a população, promovem um amplo levantamento de dados sobre a saúde de crianças e idosos e geram séries históricas em parasitologias, diabetes, hipertensão e colesterol. Posteriormente são enviados relatórios ao município para orientar as políticas públicas em saúde. “É o terceiro ano consecutivo que eles vêm e que fazem um trabalho de fundamental importância”, diz a secretária de Saúde Geovanna Biaggi.
Os “jornadeiros”, como são chamados, estão alojados na escola Olympio Pereira da Conceição, onde também se encontram instalados equipamentos para análises laboratoriais trazidos pelos estudantes. A prefeitura se encarrega de oferecer a infraestrutura, que inclui a acomodação em salas de aula transformadas em apartamentos, refeições e sanitários. Os demais custos são de responsabilidade da USP. A Jornada Científica começou há 50 anos em Peruíbe, mas durante o período do Golpe Militar, que durou 21 anos, não foi realizada. Retornou em 2003, em Minas Gerais, nas cidades de São Miguel de Arcanjo e Olhos D’Água; depois Canitar, já em São Paulo, e desde 2013 em Santa Cruz da Esperança, onde deverá ser concluída em 2017.
Segundo um dos coordenadores da jornada, Felippe Ribeiro, o projeto é uma extensão da USP e visa, além de formar os alunos na prática, retribuir à sociedade com ações sociais uma vez que a instituição é mantida com recursos públicos. Ribeiro explica que as cidades não são escolhidas aleatoriamente, mas que antes da definição daquela que será atendida pelos “jornadeiros” é formado um ranking, onde um dos critérios é a população, nunca superior a cinco mil pessoas. “Santa Cruz tem 2.000 habitantes e se encaixa perfeitamente em nosso projeto, pois também conta com um posto de saúde. Além disso, a prefeitura demonstrou grande interesse em recebê-lo”, afirmou.
O projeto visa diagnosticar parasitoses, anemias, diabetes, hipertensão e as elevações nos níveis de colesterol, com foco maior nas três últimas, identificadas pela sigla DHC (Diabetes, Hipertensão e Colesterol). A jornada tem início com a visita domiciliar dos “jornadeiros” a cerca de 600 pessoas para a apresentação do trabalho a ser realizado. Apenas 270 habitantes (120 crianças e 150 idosos), fazem parte do projeto global e os resultados dos exames, que também incluem os de fezes e urina 1 (este apenas para os idosos) farão parte do relatório a ser encaminhado à prefeitura ainda este ano. “Essas pessoas estão sendo acompanhadas há três jornadas e o objetivo é o de se chegar ao quinto e último ano da investigação mantendo-se o mesmo grupo”, afirma uma das supervisoras, a professora Alice Serpentino.
Na segunda visita, as pessoas são submetidas a um questionário que, entre outras informações, busca saber os hábitos com alimentação, higiene, entre outras, para traçar o perfil da vida da população, e é coletado material para análise. “No terceiro e último encontro, os jornadeiros fazem a entrega os resultados dos exames laboratoriais e dão dicas de como armazenar medicamentos e de mudanças de hábitos que promovam a saúde” diz Chin Su, coordenadora de comunicação do grupo.
Na segunda etapa do projeto, marcada para os dias 17 e 18 de janeiro toda a população da cidade poderá passar por exames de diabetes, hipertensão e colesterol, no Centro Social Urbano (CSU), que funciona ao lado do Posto de Saúde. Além disso, os “jornadeiros” ainda desenvolvem atividades para orientar crianças e idosos em atividades lúdicas e oficinas, como a montagem de caixas de remédios, por exemplo, todas realizadas no ginásio de esportes. Esses exames não farão parte da série histórica dos cinco anos.
Ao final do projeto, cada uma das pessoas atendidas pelos “jornadeiros” irá receber em casa laudo com os resultados dos exames realizados. Aqueles que tiverem apresentado algum tipo de alteração serão orientados a procurar atendimento médico no posto de saúde. “Nossa missão se restringe a fazer o levantamento e, posteriormente, apresentar ao prefeito um amplo relatório com todas as informações que obtivemos em campo”, explica Felippe Ribeiro.
