Justiça manda soltar os quatro brigadistas de ONG de Alter do Chão
O juiz Alexandre Rizzi, da 1ª
Vara da Comarca de Santarém, mandou soltar os quatro membros da ONG Brigadas de
Alter do Chão, que estavam detidos desde a última quarta-feira, 27. Foram
libertados Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de
Almeida Fernandes e Marcelo Aron Cwerner. Eles são ligados aos brigadistas de
Alter do Chão e ao Instituto Aquífero Alter do Chão e ao Projeto Saúde e Alegria.
A defesa dos membros da ONG já tinha sido
solicitada ontem pela defesa, mas havia sido negada pelo juiz. Em sua
justificativa para ter mudado de ideia sobre a prisão preventiva apenas um dia
depois, o juiz Alexandre Rizzi argumentou que a Polícia Civil do Pará, em suas
buscas, recolheu “enorme quantidade” de aparelhos eletrônicos e
documentos, o que deverá demandar muito tempo para apuração. Por isso, não se
justificaria a manutenção da prisão preventiva, uma vez que os quatro detidos
também prestaram informações ontem à investigação.
Na prática, quando negou o pedido de liberdade
na quarta, 27, a Justiça do Pará já sabia do volume de material apreendido e
dos depoimentos prestados. A concessão da liberdade provisória exige que os
quatro integrantes da ONG entreguem à Justiça seus passaportes no prazo de 48
horas. Eles estão proibidos de deixarem o município nos próximos 15 dias, devem
permanecer em suas casas entre as 21 horas e 6 horas da manhã, além de
prestarem informações na comarca sobre suas atividades, uma vez por mês.
Governo troca chefia de investigação
– Nesta quinta-feira, 28, o governador do Pará,
Helder Barbalho (MDB), anunciou a troca do delegado que cuida do caso. A
presidência do inquérito, que estava a cargo da Polícia Civil de Santarém,
agora terá o comando do diretor da Delegacia Especializada em Meio Ambiente,
Waldir Freire. De acordo com Barbalho, a mudança é “para que tudo seja
esclarecido da forma mais rápida e transparente possível”. O governador
disse ainda que “ninguém está acima da lei, mas também ninguém pode ser
condenado antes de esclarecer os fatos”.
O Ministério Público Federal do Pará afirmou
que, até o momento, não há provas que apontem ligação dos membros da ONG aos
incêndios ocorridos em setembro na região. Cerca de 180 entidades
ambientalistas e de direitos humanos criticaram a prisão dos brigadistas por
suspeita de ligação com incêndios florestais no Pará. A WWF – organização que,
segundo a Polícia Civil, teria sido vítima de desvio de verba pelo grupo
suspeito – condenou “a falta de clareza” sobre a investigação. Disse
ainda repudiar “ataques a seus parceiros e as mentiras envolvendo o seu
nome”.