No Rio, relógios de rua passam a informar nível de isolamento
Desrespeito à medida é maior em bairros da zona oeste, diz prefeitura
Os relógios digitais que
informam temperatura e hora em ruas do Rio de Janeiro passaram nesta última
quarta-feira (06) a exibir também a redução na circulação de pessoas em alguns
bairros. A medida é uma parceria entre o Centro de Operações da Prefeitura do
Rio (COR) e as empresas Clear Channel e Cyberlabs.
Os dados exibidos já eram monitorados com um
método que combina o uso de câmeras de trânsito do COR e a inteligência
artificial da Cyberlabs. A partir das imagens, o software é capaz
de comparar a movimentação atual com os níveis anteriores à quarentena e exibir
o resultado em tempo real nos relógios digitais.
Os relógios mostravam, por exemplo, que
Copacabana tinha nesta quarta-feira redução de 67% de pessoas nas ruas. O
bairro foi o que confirmou o maior número de casos de coronavírus (367) e tinha
até ontem o segundo maior número de mortos (39).
Os dados do isolamento social se tornaram
motivo de preocupação para a prefeitura do Rio de Janeiro, uma vez que o
monitoramento indica aumento do fluxo de pessoas nas ruas. Nos últimos 15 dias,
a redução de movimento nos bairros monitorados caiu de 79% para 74%.
Em entrevista coletiva, o prefeito Marcelo
Crivella sinalizou hoje com a possibilidade de endurecer as medidas de
isolamento na zona oeste da cidade, onde o desrespeito ao isolamento social se
tornou mais alarmante. Crivella afirmou que poderia bloquear ruas de bairros
como Campo Grande, Santa Cruz e Bangu, que são centros comerciais de regiões
populosas na periferia da cidade.
Os bairros estão entre os campeões de
denúncias no Disk Aglomeração, criado para que fiscais verifiquem denúncias de
atividades não essenciais que reúnam pessoas durante a pandemia.
Com o crescimento da doença em favelas e
periferias do Rio de Janeiro, os três bairros agora figuram entre os que têm
mais mortos por covid-19 e também registram taxas de mortalidade mais elevadas
que bairros nobres da cidade.
Campo Grande tem o terceiro maior número de
casos, com 262 infectados, e soma 40 mortes, o maior número de vítimas em toda
a cidade. Já Bangu tem menos que a metade dos casos confirmados em Copacabana,
com 174, e registra o mesmo número de mortes que o bairro da zona sul (39).
Santa Cruz, por sua vez, tem 110 casos e 27 mortes, mesmo número de óbitos que
a Barra da Tijuca, bairro que supera seu número de casos em mais de três vezes,
com 343 confirmações.