Olavistas e militares fazem pressão para Bolsonaro desistir de Feder para o MEC
Alas
ligadas a Olavo de Carvalho e aos militares no governo pressionam o presidente
Jair Bolsonaro a reverter o convite feito ao atual secretário de Educação do
Paraná, Renato Feder, para o Ministério da Educação (MEC). Antes mesmo de ser
anunciado oficialmente, Feder já virou alvo do grupo ideológicos e da base
bolsonarista nas redes sociais.
Olavistas têm um histórico de sucesso em frituras iniciadas
nas redes sociais que terminaram em demissão, como a ex-secretária de Cultura,
Regina Duarte, e os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Carlos Alberto
dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). Eles chamam a atenção para a ligação
dele com o governador João Doria (PSDB) e dizem que a escolha foi feita para
agradar empresários e apaziguar a guerra ideológica.
Já os militares foram surpreendidos com o convite do
presidente e querem um nome ligado a eles, que acreditam ter mais força
política. Passaram a divulgar também incoerências em seu currículo.
Feder é formado em Administração de Empresas pela Fundação
Getulio Vargas (FGV). Seu currículo na plataforma Lattes indica que ele tem um
“mestrado em andamento” desde 2002 em Economia pela Universidade de
São Paulo (USP). Mas o site da secretaria da educação do Paraná informa que ele
é “mestre em Economia”.
Inconsistências no currículo, como uma suspeita de fraude na
dissertação no mestrado na FGV e a conclusão de um doutorado desmentido pela
Universidade Nacional de Rosário (Argentina), estão entre os fatores que
levaram à queda do economista Carlos Alberto Decotelli, que nem chegou a tomar
posse.
Contam também pontos contra Feder a suspeita de sonegação
fiscal da Multilaser, empresa da qual Feder é sócio. E principalmente da
possível ligação com o Centrão, Feder teve o apoio do governador do Paraná,
Ratinho Jr (PSD), partido do ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto
Kassab.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, também é do PSD. Ao
anunciá-lo para o cargo em junho, Bolsonaro disse que se tratava-se de uma
escolha pessoal.
Para os militares, Feder é um empresário que quer fazer
carreira na política, mas não tem experiência. O secretário do Paraná tem apoio
da Fundação Lemann, por exemplo, algo que também incomoda militares.
O nome também não agradou aos evangélicos, cujos líderes no
Congresso também têm pressionado o presidente. O mesmo ocorreu com o educador
Mozart Neves, que chegou a ser convidado para ser ministro no início do governo
Bolsonaro, mas depois o presidente voltou atrás por causa das pressões.
Por outro lado, educadores e entidades elogiam a escolha de
Feder, por ele ter experiência na gestão da educação pública.
O Semesp, entidade que reúne universidades particulares de
São Paulo, soltou nota dizendo que a indicação “renova as expectativas de
que sob sua gestão o MEC consiga superar os difíceis desafios que vêm sendo enfrentados
pela educação brasileira” já que ele já teria “manifestado sua
inclinação para políticas públicas mais eficientes, consistentes e objetivas e
estratégias pedagógicas mais inovadoras”.