Polícia Civil investiga vídeo falso de caixões enterrados com pedras
A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou inquérito policial
para apurar a origem de um vídeo no qual uma mulher, cuja identidade está sendo
investigada, afirma que, em Belo Horizonte, caixões estariam sendo enterrados
vazios ou com pedras e paus no lugar dos corpos de vítimas do novo coronavírus.
Tanto a Polícia Civil quanto a prefeitura de Belo Horizonte afirmam que o
conteúdo do vídeo é falso. Em conversa com jornalistas, nesta última
terça-feira (05), o delegado-geral Wagner Sales disse que a autora do vídeo
pode ser condenada a até nove anos de prisão por denunciação caluniosa,
difamação contra autoridade pública e propagação de tumulto e alarme.
“É preciso que a população se conscientize de que as atitudes no mundo virtual
têm consequências no mundo real”, disse o delegado, solicitando ajuda dos
cidadãos para tentar chegar até a mulher que aparece no vídeo.
“Precisamos que a população nos traga mais informações sobre este vídeo através
do número 181. Só assim vamos poder desestimular e responsabilizar os autores
destas atitudes nocivas à sociedade”, acrescentou Sales, destacando que, além
de provocar incertezas e fomentar a insegurança, o vídeo desrespeita as
famílias das vítimas do novo coronavírus.
A falsa denúncia circulou pelas redes sociais nos últimos dias. Nele, a mulher
que agora está sendo procurada afirma que parentes de mortos foram
surpreendidos ao abrir os caixões e se deparar com pedra e paus.
“Aqui em Minas está acontecendo um caso muito engraçado. Principalmente lá em
BH”, diz a mulher, criticando o prefeito Alexandre Kalil e a classe política em
geral. “Estão enterrando um monte de gente com coronavírus. Aí, o que
aconteceu? Mandaram ir lá e arrancar todos os caixões para fazer o exame para
ver se é coronavírus mesmo. Sabe o que tem dentro do caixão? Pedra e madeira”,
diz a mulher, procurando desacreditar as notícias a respeito da
letalidade da doença.
No início de abril, um outro vídeo com falsas acusações sobre a situação em
Minas Gerais chamou a atenção das autoridades. Gravado na Central de
Abastecimento (Ceasa) de Contagem, na Grande Belo Horizonte, o vídeo exibia um
homem afirmando que as recomendações de isolamento social, com restrições a
algumas atividades comerciais, ameaçavam os moradores da capital mineira e
região com a falta de alimentos.
O vídeo foi gravado em uma área da Ceasa que passava por obras, em dia e
horário de menor movimento no local. Imagens posteriormente disponibilizadas
pela Ceasa revelam que, naquele mesmo momento, não só havia, ao redor, bancas
devidamente abastecidas, como, mais cedo, o movimento tinha sido normal.
Também neste caso a Polícia Civil instaurou inquérito e ouviu o autor do vídeo,
que declarou ter agido sozinho e gravado e divulgado o vídeo para alarmar a
população sobre os efeitos econômicos do isolamento social.