Prova da Unicamp aborda machismo no futebol, queimadas e incêndio em Notre Dame
A prova da primeira
fase do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) abordou temas
contemporâneos e atuais, como a discussão sobre o machismo no futebol,
queimadas em florestas, o incêndio na catedral de Notre Dame, além de citar o
uso da plataforma Netflix e da rede social Instagram. Neste último domingo, 17,
os candidatos responderam a 90 questões múltipla escolha.
Daily de Matos, coordenador do cursinho Objetivo, disse que a prova da Unicamp
seguiu um formato parecido ao do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com
questões abordando assuntos modernos, mas que exigiam uma conexão com os
conteúdos escolares “É uma prova com temas do momento, não uma prova de
atualidades Ele cobra um candidato que entenda a cultura e a temática do
momento, mas que consiga fazer a reflexão com o que aprendeu do conteúdo de
cada disciplina”, afirmou.
Para Daniel Perry, diretor do cursinho Anglo, a prova da primeira fase da
Unicamp foi a mais difícil deste ano na comparação com os outros principais
exames do país, como o Enem e o da Unesp. “Uma prova difícil, a mais
difícil até agora. Além de exigir um repertório clássico, em termos de
conteúdo, o candidato também tinha que ter a capacidade de fazer comparações,
inferências. Foi um teste muito sofisticado.”
Na avaliação dos professores do Anglo, as questões de Química e História
estavam entre as mais difíceis. Em Química, por ter um formato de questões
diferente de anos anteriores, com perguntas que exigiam uma leitura crítica e
minuciosa do enunciado e resolução que exigia habilidades além do conteúdo da
disciplina. Já as de História, por exigir a capacidade de inferência. “O
candidato teve que tomar muito cuidado ao analisar as alternativas, porque elas
tinham distratores muito sofisticados “
Na avaliação de Matos, a prova cobrou dos candidatos bastante domínio da matriz
curricular e um bom vocabulário. “Exigiu do aluno uma precisão dos
conceitos de cada disciplina. Não adiantava ter só uma boa leitura ou ter um
domínio razoável das disciplinas. Era preciso aliar os dois.”
Das 90 questões, 12 são interdisciplinares, ou seja, avaliam conhecimento de
uma ou mais disciplinas. Matos destacou uma questão de Inglês e História, que
trazia um cartaz no idioma inglês e mostrava um soldado comunista “dando
uma injeção” de propaganda comunista em uma escola. “Uma apresentação
muito interessante e que exigia um bom domínio da língua inglesa e conhecimento
histórico do aluno. Além de conversar com o momento atual que vivemos.”
Os coordenadores elogiaram a organização da prova e o tipo de conhecimento e
habilidade que busca avaliar nos candidatos. “O vestibular indica o perfil
de alunos que a universidade quer. A prova da Unicamp deixou muito claro quem
ela quer ocupando as suas vagas: um aluno com visão de mundo abrangente, com
repertório cultural, que pensa de forma analítica e bem preparado do ponto de
vista cidadão”, destacou Perry.
Unicamp – O vestibular teve
72.859 candidatos inscritos, que concorrem a 2.570 vagas, em 69 cursos de
graduação. O número representa 80% das vagas regulares.
As demais 20% serão preenchidas, a partir dessa edição do vestibular, por meio
da classificação obtida no Enem.
O gabarito oficial da primeira fase da Unicamp só será divulgado na
quarta-feira, 20. No entanto, os candidatos podem conferir a versão
extraoficial elaborada por professores do cursinho Anglo no seguinte endereço
na internet: https://angloresolve.plurall net/