Quarentena impediu 40 mil mortes em São Paulo, estima governo estadual
Desde
o dia 24 de março, quando foi adotada a quarentena no estado de São Paulo, 40
mil mortes foram evitadas, disse nesta última sexta-feira (08) o novo
coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, Dimas Covas, que também é
diretor do Instituto Butantan.
“Hoje ainda temos um cenário muito preocupante, mas poupamos nesse período
40 mil vidas em virtude dessas medidas [de quarentena]”, afirmou Covas. “Se
nada tivesse acontecido, se nada tivesse sido feito, poderíamos chegar a um
cenário de 700 mil casos [confirmados de coronavírus] hoje”, acrescentou.
“Não tivemos 700 mil casos, tivemos 41 mil casos até o dia de hoje
(Sexta-feira (08)) no estado de São Paulo. ”
Citando dados da Universidade de São Paulo, o governador de São Paulo, João
Doria, disse hoje que a quarentena tem salvado 51 vidas a cada dia. Segundo
Doria, entre os dias 7 e 21 de maio, o isolamento deverá salvar 3.346
vidas.
Dimas Covas voltou a dizer que, se a taxa de isolamento no estado ficasse em
torno de 70%, considerada a ideal, a taxa de contágio passaria de 2,9 [um
indivíduo infectado transmitindo o vírus para 2,9 pessoas] para menos de 1, o
que faria a epidemia de coronavírus se estabilizar e começar a cair. No
entanto, a taxa de isolamento no estado tem ficado, há duas semanas, abaixo de
50%, com exceção dos fins de semana, quando tende a subir.
“A curva projetada até o dia 31 de maio prevê entre 90 mil e 100 mil casos no
estado de São Paulo. Não conseguiremos alterar isso com as medidas que foram
anunciadas hoje. Só poderemos alterar essa curva a partir de duas semanas.
Em relação a óbitos, projetamos que poderemos chegar a 9 mil e 11 mil mortos.
Isso tudo considerando 55% de afastamento social. Se a taxa for menor,
certamente esses números serão piores”, ressaltou Covas.
Prorrogação
O governador de São Paulo, João Doria,
anunciou nesta sexta-feira que a quarentena no estado será estendida
até o dia 31 deste mês. É a terceira vez que São Paulo estende a
quarentena, que começou no dia 24 de março e seria encerrada no
próximo domingo (10). Durante a quarentena, somente serviços
considerados essenciais – como logística, segurança, abastecimento e saúde –
podem funcionar. “A quarentena evita a difusão da doença”, disse Doria.
De acordo com o governo paulista, a quarentena foi prorrogadapor causa do
ritmo acelerado de contágio do coronavírus e ad aumento crítico no total de
infectados e de mortes por covid-19, com risco iminente de colapso no sistema
de saúde. “O pior cenário é o que alia mortes e recessão. Adotar a quarentena
não é uma tarefa fácil, mas trata-se de proteger vidas no momento mais difícil
e crítico da história deste país”, disse Doria. “A nossa decisão de prorrogar a
quarentena é a decisão pela vida. ”
Nos últimos 30 dias, a covid-19 cresceu 3.300% no interior e litoral do estado
e 770% na capital. Até a tarde de hoje, o estado registrava 39.928 casos
confirmados da doença e 3.206 mortes.
Na região metropolitana da capital, a taxa de ocupação de leitos para pacientes
de coronavírus é de 89,6% em unidades de terapia intensiva (UTI) e de 74,9% em
enfermaria, enquanto os índices estaduais ficam em 70,5% e 51,3%,
respectivamente. Para que São Paulo possa sair da quarentena sem colocar o
sistema de saúde em risco, os índices de ocupação hospitalar por covid-19
precisam ficar abaixo de 60%, informou o governo.
Para reafirmar a decisão de Doria, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, também
decidiu prorrogar a quarentena na capital até, pelo menos, 31 de maio. Ele
estima que 30 mil pessoas deixaram de morrer na cidade com as medidas de
quarentena adotadas pela prefeitura.
Segundo o prefeito, a prorrogação da quarentena foi necessária:
há hoje 4.496 óbitos suspeitos e confirmados de coronavírus na cidade
de São Paulo e a lotação de UTIs em hospitais municipais já passa de 80% e, em
metade dos hospitais municipais, a lotação já chegou a 100%.
Por essas razões, além da manutenção da quarentena, ele decidiu também [em
anúncio feito ontem} aumentar o rodízio municipal de veículos, reduzindo
em 50% a frota da cidade.
Flexibilização
De acordo com o governo paulista, os requisitos para a flexibilização da
quarentena vão se basear em critérios técnicos que incluem, como fatores
principais, a redução sustentada dos números de novos casos de covid-19 por 14
dias e a manutenção da ocupação dos leitos de UTI em patamar inferior a 60%.