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Álcool e drogas afastam 4 mil trabalhadores em cinco anos

27/09/2014 15h24 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Álcool e drogas afastam 4 mil trabalhadores em cinco anos

Dados do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) apontam que o alcoolismo e o consumo de outras drogas, como crack, cocaína e maconha foram os responsáveis pelo afastamento de 4,1 mil trabalhadores nos últimos cinco anos, na região de São Carlos, que inclui as agências da Previdência de Araraquara, Matão, Ibaté e mais 10 cidades.

O levantamento estatístico começou a ser feito em 2009, quando 553 trabalhadores pediram afastamento por esses motivos. Na comparação com 2012, o índice atingiu 95,2% de crescimento, quando 1.080 pessoas afastaram das suas atividades temporariamente e solicitaram o benefício.

Analisando os números de 2009 e 2013, os últimos fornecidos pelo INSS, o crescimento foi de 79,9%. No ano passado, foram 995 pedidos. De acordo com o órgão, o afastamento é oferecido por um período inicial de dois meses, mas pode ser prorrogado por tempo indeterminado, dependendo do estado do paciente.

O total de auxílios-doença por todas as justificativas na região vem crescendo e chegou a 25.348 no ano passado e pouco mais de 110 mil em cinco anos.

Sandro (nome fictício) é um dos trabalhadores de São Carlos que solicitou o auxílio. Viciado em álcool, ele não viu outra alternativa, a não ser alterar a sua rotina diária. “Era mais forte. Saía do trabalho e tinha de passar no bar. Não percebia que o vício tinha tomado conta. Ele é traiçoeiro. Você não percebe que está entregue ao álcool”.

Segundo o operador de máquinas, hoje ele não precisa do benefício, mas alerta que o tratamento contra o vício é constante e diário. “Só por hoje não bebi. É uma vitória”.

A frase “só por hoje” é um mantra para quem tenta superar as adversidades do vício. Em São Carlos, três grupos de Alcoólicos Anônimos trabalham com pessoas que se entregaram à bebida. Perto de chegarem ao fundo do poço, muitos deles foram resgatados. “Quando buscam ajuda, 90% das pessoas viciadas em álcool estão no fundo do poço. Eu cheguei nessa condição por causa do meu orgulho. Todo mundo podia beber, e eu? Por que não?”, perguntava Diamantino S., que hoje integra o grupo Viva Vida, de São Carlos. “Temos que trabalhar diariamente contra esse problema. O álcool é uma doença que mata”, desabafou.

“Aprendi nos Alcoólicos Anônimos que o ontem já passou, o amanhã não me pertence, por isso tenho que viver o hoje”, afirma José F., do Grupo Vila Prado, que desde os 14 anos bebia. Ele relata que o alcoólatra é excluído da sociedade e perde a identidade. “Mesmo com família na cidade, preferia dormir no albergue. Bebia para dormir e acordava para beber”, pontua.

Vítor, do Grupo São Sebastião, ressalta que o alcoolismo é uma doença espiritual, emocional e física. “Entreguei-me à bebida porque achava que era melhor morrer bebendo. Não tinha perspectivas. Eu era um vazio”.

 

CONSUMO

Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD), Maria Luíza Gomes de Oliveira, acredita que o problema da dependência do álcool está enraizado na sociedade. Ela alerta que o consumo aumenta entre os jovens de forma progressiva.

Ela explica que, se o cidadão passa por um período de duas horas ingerindo álcool, torna-se um problema preocupante à saúde. “Se for rotina, pior ainda”, destaca. Maria Luíza comenta que o álcool não é reconhecido como droga. “Aproximadamente 80% dos etilistas que param de beber no primeiro ano, terão recaída, por isso depende de um trabalho muito intenso. A dependência do álcool é questão de saúde, mas dever do Estado”.

Maria Luíza defende o envolvimento da família na ajuda ao dependente. A coordenadora explica que a Prefeitura tenta implementar a política pública de estímulo à internação voluntária, fazendo com que o paciente admita e entenda que ele tem um problema e necessita de tratamento.

Domingos, um voluntário não-alcoólico do Grupo Viva Vida, endossa que não falta vontade dos poderes. “O governo dá, sim, assistência. Existem voluntários que trabalham a divulgação das nossas atividades. Em muitos casos, a gente acredita que a vergonha de admitir o problema faz com que o depende não se aproxime dos grupos de autoajuda.

 

APOIO

Em São Carlos, os grupos de Alcoólicos Anônimos fazem reuniões todas as semanas. O Viva Vida, que fica na Rua Pastor Bento, 96, Vila Jacobucci, atende às quartas e sextas-feiras às 20h. O Vila Prado, que está localizado na Avenida Pádua Salles, 8, Vila Prado, perto da rotatória da Escola Jesuíno de Arruda, faz suas reuniões de segunda a sexta-feira, às 20h. O São Sebastião, instalado na Carlos Botelho, 2371, atende de terça e quinta às 20h e sábados às 15h. Um grupo de Narcóticos Anônimos faz reuniões em Itirapina todas as quartas-feiras, às 19h, na Avenida Oito, 219, Vila Cianelli.

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