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Analfabetismo funcional prejudica aprendizado de língua estrangeira

27/10/2012 12h42 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Analfabetismo funcional prejudica aprendizado de língua estrangeira

Pesquisa da EF English Proficiency Index (EF EPI) de 2012 aponta o Brasil na 46ª colocação dentre os países que pior fala a língua inglesa.  Foram testadas 1,7 milhão de pessoas ao todo, 130 mil delas foram brasileiros. Ficamos atrás da Argentina, Uruguai, Peru, Costa Rica, México, Chile, Venezuela, El Salvador e Equador, que também participaram da pesquisa.

Uma das causa apontadas para o baixo desempenho são as deficiências da educação básica brasileira, dentre elas o analfabetismo funcional. Pesquisa recente do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) mostra que 38% dos estudantes universitários são analfabetos funcionais.

“Analfabetismo funcional significa que, a despeito de ter sido escolarizado e ser computado nas estatísticas oficiais como alfabetizado, o indivíduo encontra-se incapacitado para ler e escrever com a competência requerida para funcionar em ambientes letrados”, explica Deisy das Graças de Souza, professora do Departamente de Psicologia da UFSCar, que aponta alguns exemplos: “Um analfabeto funcional tem dificuldade em identificar produtos ou seus componentes em uma prateleira de supermercado, se tiver que ler para ter acesso a essas informações; esta dificuldade se reproduz em uma ampla gama de situações que requeiram leitura: bulas de remédios, receitas para cozinhar, folhetos ou instruções em ambientes religiosos, indicações no trânsito que incluem palavras, como letreiros em ônibus e em rodovias, sem contar a falta de acesso à leitura como fonte de lazer e cultura”, diz.

Para Sandra Regina Buttros Gattolin de Paula, professora do Departamento de Letras da UFSCar e presidente por dois mandatos da Associação dos Professores de Língua Inglesa do Estado de São Paulo, o resultado da pesquisa da EF EPI não foi surpreendente, e aponta outras causas: “A mim não surpreende o resultado, porque ao longo de muitos anos o ensino de inglês foi sendo desvalorizado. Se é uma disciplina que não tem valor, o ocorre efeito retroativo disso na formação dos professores que, de um modo geral, não são bem formados. Houve também uma desvalorização da formação do professor”, diz Gattolin, que completa: “Para aprender uma língua estrangeira, assim como para aprender qualquer coisa na vida, a pessoa precisa estar motivada. Então é preciso criar um ambiente favorável, levar em consideração a forma como a língua vai ser trabalhada e levar em consideração as características do aluno”, diz.  

 

“REMÉDIO”

Questionada sobre como “remediar” o analfabetismo funcional, a professora Deisy de

Souza respondeu: “A prevenção do analfabetismo funcional, sua superação em casos já instalados, ou pelo menos sua remediação em algum grau, reside em oportunidades educacionais de qualidade. O ensino sistemático que leve a pessoa a dominar gradualmente o principio alfabético, é que a torna apta a ler qualquer palavra da língua. Ler, nesse sentido de decodificar a relação som-texto, porém, nem sempre significa compreender o que se lê. A compreensão de leitura depende da compreensão que a pessoa tem de sua própria língua falada e de como ela se relaciona com fatos e eventos.

O elevado grau de analfabetismo funcional no Brasil se deve a políticas equivocadas que, por décadas, suprimiram o ensino competente das habilidades mais básicas de leitura e escrita, a partir das quais uma pessoa pode, efetivamente, continuar aprendendo e crescendo, como indivíduo e cidadão, ao longo da vida”.

 

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