Aprendizado além das máquinas: da engenharia de produção mecânica ao machine learning
Antes do doutorado, Marília atuou profissionalmente em grandes empresas como a Accenture e a Faber-Castell Brasil
Marília Costa Rosendo Silva aprendeu muita coisa desde que se formou no ensino médio em 2014. Em apenas oito anos, ela entrou no curso de Engenharia de Produção Mecânica na USP, passou no doutorado direto no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) e ganhou uma bolsa de estudos do Google.
Na palestra concedida aos estudantes da terceira série do ensino médio na disciplina Divulgação Científica, Cultural e Profissional, a doutoranda explica que na graduação se aprofundou em tópicos de interesse, participou de atividades extracurriculares e voluntariado. Ela participou do grupo de robótica SEMEAR EESC-USP, fez iniciação científica por dois anos em desenvolvimento de produtos e um curso do SENAI-SP que proporcionou a ela maior contato com metalmecânica, complementando sua formação na área de processos de fabricação.
Antes do doutorado, Marília atuou profissionalmente em grandes empresas como a Accenture e a Faber-Castell Brasil. Para ela, é fundamental que empresas fomentem a pesquisa científica.
Reconhecimento da importância do aprendizado
No final de 2020, o projeto “Aprendizado de Máquina Automático: Recomendação de Modelos e Ferramentas de Processamento de Textos”, desenvolvido por Marília no ICMC foi um dos contemplados na 8ª edição do Latin American Research Awards (Lara), prêmio concedido pela Google que visa impulsionar a inovação e conceder bolsas a pesquisas que apresentem soluções técnicas para problemas do cotidiano, premiando projetos que utilizassem dados públicos e que disponibilizassem gratuitamente as ferramentas desenvolvidas.
O trabalho envolve a recomendação de melhores ajustes de modelos de classificação de textos – como a avaliação de produtos ou postagens em redes sociais. “Dessa forma, profissionais com experiência na área podem conseguir bons resultados mais rapidamente, pulando as etapas mais repetitivas e pessoas com poucos conhecimentos em computação também podem utilizar tais ferramentas com resultados mais satisfatórios”, explica Marília.
O estudo se engloba na área da inteligência artificial denominada machine learning, que usa algoritmos – uma rotina, com instruções e operações – permitindo que a máquina aprenda e ajude o usuário a decidir se as recomendações são relevantes.
Um segmento importante ligado ao projeto é o do Processamento de Linguagem Natural (PLN), que tem aplicações desde as ferramentas de busca, sugestões de palavras e reconhecimento de voz, usados na Siri e Alexa, por exemplo. O primeiro corretor ortográfico do Microsoft Word surgiu de pesquisas nessa área no ICMC, em 1993, e destaca-se por relacionar a linguagem computacional ao estudo linguístico do nosso idioma.
Saudade
Segundo a filóloga germano-portuguesa Carolina Michaelis de Vasconcelos em sua obra “A Saudade Portuguesa”, embora a palavra saudade exista em outras vozes de origem neolatina, “o desejo de voltar a um estado antigo de felicidade” tem um significado em nosso idioma pouco encontrado em outros dicionários.
A doutoranda do ICMC dedicou o prêmio que recebeu do Google em 2020 em memória de seu irmão Murilo Costa Rosendo Silva, que foi aluno do Colégio Interativo de 2006 a 2012. Murilo também foi homenageado pelo Centro Acadêmico de Administração Pública (CAAP – Unesp Araraquara), que agora possui o nome dele. Ela, saudosamente, relembrou de bons momentos vividos e sobre os aprendizados que teve durante seus sete anos (2008-2014) no Colégio Interativo.
