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As origens da ACISC

Pela Lei n. 1.017 de 01 de maio de 1951 a ACISC foi considerada de utilidade publica, órgão técnico e consultivo do Poder Público

23/02/2022 22h23 - Atualizado há 2 anos Publicado por: Redação
As origens da ACISC

Marco Bala

Com o título de “Uma evocação do passado, olhando para a frente” o periódico “A Folha”, 25/02/1973, publica o discurso de 1.o Secretário Geral da ACISC (Associação Comercial e Industrial de São Carlos), comendador Gentil de Azevedo, de comemoração aos 42 anos da agremiação representativa do comércio e da indústria de São Carlos. Trata-se de um documento-testemunho fundamental para se reconstituir o período homérico de fundação desta entidade que está comemorando 91 anos:

“(..) De início façamos uma alteração cronológica dos fatos: o tema é o passado, é o passado de quarenta anos. Falemos primeiro de um lance do presente, que é uma consequência do passado.

A Associação Comercial e Industrial foi dirigida por vários presidentes, cada qual em obediência sensata ao momento político social, dando de si, aquilo que a entidade reclamava. Todos dignos, desde Arruda Campos, o grande idealista até o Luiz Paolillo que, embora como o apenas sol no  levante, já confirma para o que veio.

Porém, é de ontem, um presidente que marcou época e fez da Associação, o seu segundo penates: Hélio Micelli. Façamos-lhe justiça. O seu trabalho, a sua dedicação, o seu sonho, despontaram de rumo certo, desde que aceitou o oficial encargo.

Para não divagar em demasia, façamos valer um resquício de autoridade, que nos é conferida, como fundador, em efusivo muito obrigado. Hélio Micelli, o predestinado mago do prédio próprio da Associação. Um verdadeiro êxito de reunir bom humor, eis o milagre que deu a Hélio Micelli, determinação e força, para transformar em realidade, um anseio de muitos. Claro que ele foi bem amparado na construção do prédio da Rua General Osório. Ademais, arquiteto solitário só existe um, que está na morada da luz, ou melhor, que é a própria luz.

Disse La Fontaine, à margem da atribulada vida: “nenhum caminho de rosas nos conduz à glória !”. É indiscutível que a Associação, se não atingiu o alocorado da glória, alcançou, porém, vitórias e êxitos, sociais, fiscais e patrísticos. Mantém estreita ligação entre comerciantes e industriais, homens de trabalho e de negócios, que ajudam e muito à máquina administrativa do governo.

Numa já saudosa visão retrospectiva, vemos que a Associação Comercial e Industrial de São Carlos, nasceu, na escala do tempo, entre duas revoluções: a de 1930 e 1932. A primeira assombrou pela empresa, se bem que encontrou ambiente propício. Foi  o crepúsculo dos barões, acastelados no PRP. Época em que a distribuição da riqueza era uma  ironia, uma época de segurança para poucos eleitos, época ainda, há pouco revivida com méritos, pelo canal 7, em “ Os Deuses estão mortos ”.

A segunda foi a Revolução de São Paulo, na exigência de democratização que tardava, do país.

Nesse tempo, a Associação se mantinha reunida e os contatos de membros da diretoria eram frequentes. A nossa ligação era mais seguida com o presidente Arruda Campos e Aldo Giongo. De uma feita, estivemos, pela manhã, na bucólica Chácara Giongo – hoje a aprazível Estância Suíça. Lá conhecemos Abel Giongo que, pela  energia e autoridade desmentir a doçura do nome bíblico que o distinguia. Um copo deleite, poucas palavras, com o inquieto progênitos de Aldo, que não escondia contrariedade, ante os problemas da chácara, pelas dificuldades impostas aos vencidos de uma revolução. Um halo de alegria e de saudade, nos proporciona um reencontro com Abel Giongo, na pessoa de sua intelectual neta Lãines Paullilo, que aqui representa a cultura da mulher são-carlense, e é a gentilíssima esposa de nosso presidente.

Do primeiro conflito interno de 30, a Associação recebeu motivação para nascer. Os negociantes de gêneros alimentícios  foram os primeiros visados, ante a carência de alimentos de nutrição e a consequente majoração dos preços. Nem todos são maus, nem todos são bons. Mas estes, merecem defesa.

Na Revolução de 32 a Associação deixava de ser promessa para concretizar magnífica realidade. Grande a nossa preocupação, quando o nosso empenho, trabalhou elo entre consumidores nervosos  e nervosos vendedores, entre a fiscalização e a vigilância da lei de exceção.

Na sede da Rua Alexandrina, na Praça Coronel Salles, depois da vitória do ditador Vargas, em 1932, que amordaçou São Paulo, como secretário, mais de uma vez, participamos de sisudos diálogos com Maurício Goulart e Daniel Costa, emissários do Cel João Alberto e do General Waldomiro Lima, interventores federais em São Paulo.

Os emissários eram frios, corteses, porém muito enérgico e deixavam entender que a Associação Comercial era o elo entre a revolta vitoriosa e o comércio, especialmente o comércio de secos e molhados. Éramos uma espécie de fiadores de nossos associados. Classe que nenhuma vez discordamos das razões daqueles militares, mesmo porque sibilava em nossos pensamentos a famosa exclamativa romana: “ Ai dos vencidos ! ”.

Nós viemos da imprensa e a boa imprensa nos fascina porque imprensa é informação e luz. É com júbilo que apresentamos aplausos ao jornal nosso “A Folha”, porque na edição do  dia 17 do mês atual, acolheu, para divulgar uma notícia que nos surpreendeu alegremente. A 11 de fevereiro de 1925, 22 comerciante estiveram reunidos com a intenção de fundar uma associação de classe. Quer dizer que a semente só germinou nesta data de 1932. E por isso aqui nos encontramos em nossa  confraternização.

O tempo que dispusemos para realizar uma pesquisa e falar deste encontro festivo, não foi suficiente para uma verificação exata e não contraditória. Como estamos contando é do coração, confiando apenas na memória, para lembrar e transmitir o que passou. Há, em nós, as mágoas da saudade e árdua é a verdade, quando ela é desfavorável e sem remédio. Esperemos que aqueles que conviveram conosco, agora já personificada e evoluída, intercedam por nós, roguem por nós, ao Todo Poderoso.

Em estado de tristeza, pronunciamos os nomes dos companheiros de diretoria: Jose Rodrigues de Arruda Campos, Antonio Flosi, Anibal Silva, José Martins, Alfeu Ambrogi e Aldo Giongo que  com viso disputava a risonha posição de caçula do grupo.

Outros nomes de entusiastas de primeira hora, na fundação da Casa do Comerciante: Antonio Narvaez, Roque Cavareto, Cassimiro Carvalho Paulista, André Jorge, Abrão João, Miguel João, Antonio Pacheco, Giacomo Villari, Irmão Zavaglia, Antonio Novaes, Agenor Sampaio Osório, Irmãos Zambrano, Nicolino Pileggi, João Baptista da Fonseca, José Condenhoto, Jacob Saad, Miguel Damha, Geraldo Schettini, Adauto do Amaral, Francisco Stela, Francisco Schiavonni, Irmãos Mastrofrancisco, Manoel Rodrigues Carvalheira, Antonio Marigo, Luis Osires da Silva e Benedito José de Couto.

É provável que algum fique em esquecimento e isso não é contra nós porque define mais uma das fraquezas humanas (..)”

Pela Lei n. 1.017 de 01 de maio de 1951 a ACISC foi considerada de utilidade publica, órgão técnico e consultivo do Poder Público.

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