Cai representatividade feminina no Legislativo
A presença feminina no Poder Legislativo está hoje reduzida a uma das treze cadeiras, ou seja, um treze avos do total de representantes, embora a mulher represente mais de 50% do eleitorado. Mas nem sempre foi assim. Há 12 anos, a bancada feminina representava 25% da Câmara Municipal.
No pleito de 2000, as mulheres conseguiram formar uma bancada recorde no Poder legislativo. Foram eleitas, naquele ano, Julieta Lui, Silvana Donatti e Géria Montanari pelo PT, Laíde Simões pelo PDT e Diana Cury pelo PMDB. Juntas, elas conquistaram 9.182 votos ou 8,45% do total de votos válidos.
Na disputa de 2004 Géria, Laíde e Diana conseguiram se reeleger. Em 2005, a Câmara Municipal elegeu, pela primeira vez na história, uma mulher para a sua presidência. Diana Cury comandou a Casa de Leis entre 2005 e 2006.
As eleições municipais de 2008 foram desastrosas para a bancada feminina. Das três remanescentes de 2004, com a redução do número de cadeiras de 21 para 13, somente Laíde Simões (PMDB) conseguiu se reeleger. Mesmo se fossem eleitos 21, a bancada feminina recebia apenas mais uma representante: Cidinha do Oncológico, do Partido Verde.
Porém, Laíde não chegou à Casa de Leis através da luta feminista. Fundadora da unidade local da UIPA (União Internacional de Proteção aos Animais), em 1989, Laíde comandou um trabalho que chamou a atenção da sociedade para a questão do abandono dos animais domésticos e as conseqüências danosas para a saúde pública.
Em 1991, o então prefeito Vadinho de Guzzi construiu o Canil Municipal e começa o recolhimento de animais para recuperação. Em 1993 Laíde é contratada no governo de Rubinho Massúcio para trabalhar na supervisão do Canil. Entre 1997 trabalhou na UIPA. Em 2000, foi candidata a vereadora e se elegeu com 1.150 votos. Em 2004, com apenas 13 cadeiras em disputa, se reelege com 2.485 votos. Em 2008 consegue o terceiro mandato consecutivo, com 2.027 votos.
Além de ser a única representante do sexo feminino com mandato eletivo na Câmara Municipal de São Carlos e na política municipal como um todo, o amor e dedicação aos bichos possibilitou à Laíde quebrar outros tabus. Hoje ela é presidente do Rotary Clube São Carlos, grupo que só tem duas mulheres: ela e Leisa Olaio
Tamanha dedicação aos animais não permitiu a Laíde casar e ter filhos. Solteira, ela tem mais de 100 animais entre cães e gatos, a maioria vira-latas. “Eu não teria como dar atenção para a família. Mas tenho muitos filhos adotivos”, afirma ela. Perto de completar 60 anos, sua maior preocupação é encontrar alguém que dê sequência ao seu trabalho.