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Democratização da internet ainda é desafio no Brasil, afirma especialista

Especialista afirma que quase 30% dos brasileiros ainda não tem acesso à tecnologia de fibra óptica, fundamental para um sinal de boa qualid

12/08/2020 17h53 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Democratização da internet ainda é desafio no Brasil, afirma especialista Foto: Arquivo Pessoal

Seja para acionar um veículo através o aplicativo Uber, encomendar uma pizza ou até mesmo acessar a uma plataforma de streaming para assistir um filme, em tempos de pandemia, a internet nunca foi tão necessária e importante para a vida cotidiano. Porém, o acesso à rede mundial de computadores ainda não é uma realidade em todo o Brasil. Cerca de 30% dos brasileiros ainda não possuem os serviços de internet através da tecnologia de fibra óptica.

A afirmação é do professor Paulo Matias, do Departamento de Computação da UFSCar e especialista no tema internet. “Em um país de dimensões continentais, como o Brasil, um desafio é permitir que o acesso à internet seja possível em todo o território. Felizmente, grandes projetos de infraestrutura, como rodovias e linhas de transmissão de energia, preocuparam-se em construir linhas de fibra óptica, muitas vezes para uso próprio das concessionárias. Eventualmente, a comercialização de serviços de comunicação utilizando essas fibras começou a ser regulamentada. Com isso, muitos municípios que antes só conseguiam alcançar a internet comercial por meio de satélites passaram a ter disponível uma infraestrutura mais adequada. Mesmo assim, a última pesquisa realizada pela Anatel, em 2019 (https://www.anatel.gov.br/dados/mapeamento-de-redes), constatou que 30% dos municípios do país ainda não possuem disponível oferta de fibra óptica. Em algumas dessas localidades, os provedores de internet conseguem alcançar municípios vizinhos utilizando rádio e, a partir de lá alcançar a internet por meio de infraestrutura de fibra óptica. No entanto, muitas localidades ficam em regiões remotas, tornando inviável o alcance de uma solução baseada em rádio. Provedores situados nesses locais ainda dependem dos satélites para obter acesso à internet”, explica ele.

Segundo Matias, o problema de depender dos satélites é que, para ficaram em órbita geoestacionária, ou seja, parados sempre na mesma posição com relação à superfície da Terra, eles precisam ficar a uma altitude de 35786 km. “Devido a essa grande distância, os sinais demoram cerca de 240 milissegundos para ir e voltar da superfície da Terra até o satélite. Pode parecer pouco, mas em aplicações interativas, quando você precisa esperar esse tempo para ter resposta às ações que você faz no computador, esse atraso dá uma sensação de eco e é extremamente desagradável. Além do problema do atraso, existe o problema da banda. As operadoras de internet via satélite geralmente possuem um pequeno de número de satélites. Com muitos usuários ligados a um mesmo satélite, a banda é compartilhada entre eles. Com isso, o custo dessa modalidade de conexão é elevado e possui qualidade muito inferior às alternativas ‘terrestres”, explica.

FUTURO –  Porém, Matias aposta em satélites mais modernos. “Muito se tem falado do projeto Starlink, da empresa SpaceX. Eles pretendem utilizar satélites com órbita mais próxima da superfície da Terra (335,9 a 1325 km), com a finalidade de reduzir o problema do atraso. Esses satélites não são geoestacionários, então você não vai enxergar sempre o mesmo satélite a partir da sua antena, como ocorre nos serviços de conexão à internet via satélite disponíveis hoje. Por isso, a SpaceX está lançando um grande número de satélites. A ideia é que sempre que um satélite sair do alcance da sua antena, outro entrará no alcance para substituí-lo. Com um número elevado de satélites, o serviço também acabará tendo mais banda disponível para distribuir entre os usuários”, comenta Matias

Segundo ele, outra empresa que promete levar internet para regiões remotas é a Loon LLC, do grupo Alphabet (mesmo grupo de empresas da Google). A empresa está realizando testes com balões que voam entre 18 km e 25 km de altitude, e alega que seria possível utilizar as correntes de ar para controlar a posição dos balões e manter a área de cobertura.

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