Depois de tragédia, secretário diz que UPA é ‘UBS 24h’
Depois da morte de um bebê de três meses e da constatação da falta de médicos na Unidade de Pronto Atendimento do Cidade Aracy, o secretário de Saúde, Caco Colenci, afirmou que a UPA exerce um papel de Unidade Básica de Saúde (UBS) 24 horas. Em entrevista, ele admitiu que a Saúde sabia da ausência de médicos entre os dias 23 de 24 de março e que se montou uma ‘estratégia’ com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o atendimento dos casos graves. “A UPA tem característica de UBS 24 horas. Poderia ser um centro de apoio médico, com enfermeiros e técnicos quando a escala permitisse”, afirmou.
Na noite de quinta-feira, a UPA da Vila Prado estava com três médicos, enquanto a unidade do Aracy estava desprovida de profissionais. Questionado sobre a possibilidade de se deslocar um dos médicos ao Aracy, Colenci descartou a tese. “A UPA Vila Prado tem intensa demanda. Havia a necessidade de três médicos”.
O Sindicato dos Servidores Municipais (Sindspam) revelou, no dia da morte do bebê, que a Secretaria de Saúde sabia, com antecedência, do ‘furo’ na escala. “Montamos uma estratégia de apoio junto ao Samu, que demora de 6 a 9 minutos para o deslocamento. Ou seja, não fica abandonada na ausência de médicos”.
Abre ou fecha?
Caco Colenci foi enfático. Se faltar suporte médico, a UPA do Cidade Aracy pode fechar novamente. “Vamos resguardar o atendimento à população. Se tiver o Samu para dar suporte, ficará aberta. Na ausência de equipe médica, a gente fecha”.
Para as três UPAs funcionarem, são necessários três médicos por escala na Vila Prado, dois no Aracy e outros dois no Santa Felícia. “São 14 médicos por plantão”, enumera. “Abrimos mais de 100 vagas, mas apareceram menos da metade”. Colenci não descarta a possibilidade de a Prefeitura contratar Organização Social (OS).
Família acusou falta de médicos
Os pais da menina Alycia Beatriz, de quatro meses, acusaram a falta de médicos na UPA do Cidade Aracy na sexta-feira. A Prefeitura alega que houve o suporte do Samu no atendimento. Em entrevista, a delegada da Delegacia de Defesa da Mulher, Denise Gobbi Szackal, confirmou a falta de médicos na unidade. “Não havia médico das 19 horas de quinta-feira até às 7 horas da manhã de sexta-feira. As médicas que eram do plantão anterior saíram do trabalho e foram à delegacia registrar Boletim de Ocorrência de preservação de direitos”, esclareceu.
A delegada disse que o propósito da investigação é saber se a criança foi socorrida a tempo. “É isso que estamos apurando por meio de inquérito policial. A criança chegou, não havia nenhum médico, segundo informações do boletim de ocorrência lavrado ontem e os médicos que estariam escalados não aceitaram o processo seletivo, agora iremos apurar se realmente houve uma omissão ou se esses médicos teriam faltado”, comentou Denise.